quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mais que merda!

          
           Eu quero saber quem foi o corno que inventou os banheiros coletivos! E quando falo em banheiro coletivo, quero dizer aqueles de shoppings, dos locais de trabalho e das festas. Uma portinha do lado da outra, com paredes que não chegam ao chão, nem alcançam o teto. Pequenos detalhes? Pode ser, mas é nos detalhes que mora o diabo. Sim, porque desde que inventaram isso somos obrigados a compartilhar as intimidades mais profundas, se é que vocês me entendem.
           Tem hora que é melhor ninguém saber que é você quem está lá. Olha só, você acabou de comer uma daquelas feijoadas de sexta-feira e volta pro trabalho com aquela aflição. Corre pro banheiro. Escolhe a última das portinhas e torce pra que tudo acabe rápido. Mas feijoada ninguém segura. E eis que no meio dos trabalhos, bem na hora da explosão, alguém entra e toma assento. E agora? A: Você age rápido, elimina as provas do crime e sai antes do colega ou antes que outra pessoa entre; B: Se finge de morto e fica de butuca ligada pra saber quando a barra está limpa; C: Elimina as provas do crime sem pressa, deixa o cubículo como se nada tivesse acontecido e comenta "Tá quente hoje né?", enquanto lava as mãos ao lado do colega, já meio esverdeado por causa do futum. E esse é o único teste em que NDA significa que Nenhuma das Alternativas Anteriores vai deixar você confortável.
         Há também os momentos em que você daria tudo pra não conhecer a identidade da pessoa ao lado. Você tá lá no seu momento pipi básico. De repente, entra aquela colega. A fina, que você reconhece só pelo 'potoc-potoc' do salto alto. Você não sabe se ela sabe que tem alguém na baia ao lado. Mas você escuta a milady se aliviar num estrondoso 'poooooropopooropopo', como um motor de motoca que se prolonga na saída. Gente, isso é natural. Às vezes, acontece. Mas garanto que você preferia ficar com a imagem de fina da colega ao lado ao ter que saber que ela também pode por pra fora algo capaz de fazer desmaiar o mais fedido dos gambás. E o pior é que a gente volta à opção C do parágrafo anterior. Sim, porque um corno inventou os banheiros coletivos, vocês terão que dividir esse momento de vergonha alheia. As duas lavando as mãos num papo furado qualquer, sem se olhar, só pra não ter que encarar a realidade.
       Tem também aqueles momentos que nos levam a pensar o impensável. Exemplo: Alguém me explica porque alguns pipis femininos se derramam em volumosa cachoeira 'chróooooooooo' e outros simplesmente são singelos conta-gotas 'plipliplipliplipli'? Bom, melhor não entrar nos detalhes sobre a flexibilidade ou capacidade de alargamento de nossas partes mais íntimas. Mas, porque alguém inventou esse negócio de privadas em baias, será inevitável pensar o que a colega andou fazendo.
       Isso sem falar nos cagões generosos, que querem de todo jeito compartilhar sua beleza interior e aquele pessoal que toma todas nas festas e abandona o Raul no banheiro. Gente, vamos deixar algo bem claro, não tô querendo saber como é que fica aquele feijão de ontem, depois de processado, nem mereço me lembrar da meninda do Exorcista no meio de uma balada, correndo o risco de transformar meu Carolina Herrera no agradável odor de leite azedado.
      Agora, se eu que não dispenso um matinho em caso de precisão, quero saber quem foi o corno que inventou os banheiros coletivos, imagina como deve estar a galera que não consegue nem pensar em dividir esses segredos de trono. Leseira, é? Então pensa naquele pessoal que prefere se espremer todo a ter que se livrar daquele corpo que não te pertence num banheiro coletivo. Conheço gente que passa o dia se espremendo, mas só faz em casa, com medo de fazer barulho na hora 'H', ou 'M', se preferir. Também conheço neguinho que só faz em casa, porque precisa tomar banho depois. É triste, mas banheiro coletivo geralmente não tem chuveiro.
      E eu que gosto desses momentos de solidão pra pensar, nem isso posso fazer nesses malditos banheiros coletivos. Sim, já tive muitas boas ideias de pauta e pari alguns leads sentada numa privada. Mas como fazer isso, se tem gente que entra, abaixa as calças e já vai tagarelando no celular? Valha-me Deus!
      É nessas horas que penso: tudo isso por quê?  Porque nesse nosso mundinho de correria precisamos dos banheiros coletivos pra fila andar sempre rápido. Não há mais tempo nem pra cagar em paz, um de cada vez, em seu momento particular. Mais que merda!
 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pra quê que tu bebe?


            Começa assim...animação, liberdade e uma loura bem suadinha. Ela vem dourada, gelada. E se o pecado tem forma de chopp, aquele véu cremoso. Delícia! Clima de mesa de bar, amigos reunidos, encegueirados.  Firmeza no propósito de encher a cara e ser feliz. Leseiras e gargalhadas. Depois vai esquentando. À medida que o álcool entra, os segredos saem. E quem se importa? Também, amanhã ninguém lembra! A cachaça é borracha eficiente. Me descuido e não lembra, mas tem um que não bebe. Só urubuservando, registrando. Desce uma, desce duas, desce cinco, desce oito...."Hummmm to ficando leve, embonitei, enriquei...." Uhuuu, simbora pra boate!
            A caminho da boate, todos no mesmo carro, a maior galinhagem. Só puta e viado! Pra bom entendedor, a mulherada e os amigos gays. Sem sacanagem. Ou melhor, com sacanagem, mas sem preconceito. Acho até que sou meio viada... E com o cérebro meladinho de álcool, o papo rola solto e sem-vergonha. O assunto? Pintos, pênis e paus, claro! Somos fúteis? Óbvio que não. Não existe nada mais útil pra mulheres e viados do que um bom pênis. Alguém acende um baseado.  Putz, vou pegar essa meresia. A outra começa a cantar Alcione...."Você me vira a cabeçaaaaa, me tira do séeeeriooooo..." Dor de cotovelo é foda, mas, amigo é pa cu de outro. Porra, me lembro que esqueci de sacar dinheiro. Ah, mas to com o cartão de débito. Uhuuuu, to rica. Nessa hora, já to milionária. To pagano!
           Na boate, tuch tuch tuch, a música alta e a luz estrobo, estrobos, estroboscópica....ai, tenta falar isso bêbada..., e a luz estroboscópica elevam o álcool e a maresia à décima quinta potência. Ei, quero vodka com red bull! Empolgação velocidade cinco. Tuch tuch tuch rebola pra lá, rebola pra cá, mãozinha pro alto, a outra não larga do copo. Chão, chão, chão! Chan, chan, chão! Chan, Chão! Até embaaiiixo! Um beijo na boca da bicha amiga. O gatinho vê e sai fora. Perdi o peguete, mas azar o dele. Uhuuuu, rodada de tequila. Sal, tequila e limão. Engulo e quando volto, pirei o cabeção. Vou dançar no balcão! Tuch tuch tuch. Ai se tivesse um mastro....tuch tuch tuch.
          Aquilo é luz da boate ou será um celular? Sei lá, vou me acabar de dançar. Tuch tuch tuch. Outra vodka com red bull, mais rodada de tequila. A amiga vomita no banheiro. Cadê o sapato do Joel? Tá no pé da Julinha... Tuch tuch tuch. Mais um beijo na boca, mas nem sei mais quem é. A amiga do vômito deu perda total. Um carinha carrega ela pra fora. Game over, game over!, grita a galera geral.  Vamos simbora. Tudo no mesmo carro. Só Deus nessa hora. Ei, tá mais apertado. Hummm esse carinha, hein...e da-lhe beijo na boca. Blackout.
         Acordei. Sobrevivi. Quase não abro o olho, o rímel grudou. Meu cabelo tá todo grudado, pro alto, a cara da Dona Frankenstein. Credo, que gosto de cabo de guarda chuva! E esse cheiro de suor, com cerveja e cigarro? Buraco no estômago.... Que papel é esse? Puta que pariu! Duzentas pilas de prejú. Peraí, esse  não é meu quarto. Nem quero olhar pro lado... Afe Maria! Isso não é um cofrinho, é um Banco Central! Parecia tão gato, ontem... Cadê minha calcinha, vou sair fora.
        Em casa. Alguém liga. "Ei, tu já viu?" "Eu não". Vai no "Youtube". Maldito aquele que não bebeu! Eu, dançando no balcão. Ah nãaaao, paguei peitinho... Ei, se não bebe, não desce pro play! Malditos celulares modernos! Safanagem!
       Saldo da balada: Mais pobre, mais feia, dor de cabeça, pênis não identificado, mico internacional, ainda solteira e com menos chance de desencalhar. Ai, pra quê que tu bebe, enjoada? Bebo porque não dá pra comer. Hahahahah.
       
        PS: Texto baseado em fatos reais. As identidades dos envolvidos foi preservada pra eu não ter que pagar indenização.

        "Eu bebo sim...estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo. Eu bebo sim!"


       

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bundão, calçola e gostosura



           Se você já tá na faixa das balzacas, tem mais de 1,65 de altura, algo acima dos padrões regionais, e deixou de usar roupas tamanho 38 faz tempo, mas também não chegou ao 46, pode ser que entenda bem do que vou falar. Se você se mantém entre o 40 e 42, tem bundão, coxa grossa, seios volumosos padrão espanhola, mas não tem cara de lua e a cintura cabe nos vestidos, você é o que as tias incovenientes convencionaram chamar de grandona, ou purruda, como diz o cabôco.
           Mulheres grandonas são uma categoria especial do sexo feminino, mas podem ser incompreendidas. Não são gordas, nem magras, apenas encorpadas. Mas os magrelos mais radicais as classificarão como 'fofinhas', ou 'fortinhas', como dirão os mais tímidos, com medo de represálias. E os gordos ou os que só pensam em músculos, as associarão com viciadas em musculação. Sério, uma vez se referiram a mim como "aquela bombadona". Bombadona é uma bomba bem grandona do caramba do raio que o parta! E 'fofinha' é uma coleção de bichinhos de pelúcia, ou uma filhote de foca branquinha e gorda! Mulheres grandonas são é gostosas, fortes, poderosas! São amazonas com dois seios, e seios beeem nutridos.
           Tá, eu confesso. Tô legislando em causa própria. E, mais uma vez, já sei que vai ter gente dizendo (ou pensando): "Essa daí se acha!". Mas é o que eu acho mesmo e, quem tem medo de dar a cara a tapa, não se mete a escrever. Enfim, mas pra não dizer que tudo é encantado no mundo das grandonas, porque não é, vamos às situações vexatórias.
           Lembra das tias inconvenientes do começo do texto? Pois é, você chega numa festa de família e lá vem uma delas: "Oi minha filha, tá tão bonita, tá forte, grandona!!!" De repente, perdeu a graça, e até desce pelo ralo aquela promoção no trabalho que você guardou como notícia pra causar inveja nas primas. E não precisa nem ir longe. Sua mãe vive dizendo: "Minha filha, você era tão fininha...." E diz isso, mesmo que seja na frente do teu gato. Só que a mãe esquece que esse 'fininha' era quando você tinha 15 anos. Tempo boooommmm, não volta maaaaissss. Saudades de outros tempos iguais....!" Esse 'fininha' não te pertence mais. Ah, e aí vai uma dica: fuja dos vestidos soltinhos, que não marcam a cintura, e das blusas tipo bata. Com seios fartos, esse tipo de roupa te prejudica e, se você estiver numa fila, pode acabar sendo convidada ao atendimento preferencial. É, isso também já aconteceu comigo. "A senhora não quer passar à frente?". Não sei se foi pior a caixa achar que eu tava grávida ou me chamar de senhora.
           E não adianta tentar fugir da natureza. Se fizer greve de fome, os ossos podem até aparecer, mas você nunca será fina e esguia como as modeletes, leves gazelas saltitantes na savana. E se exagerar na malhação pensando em queimar calorias, corre o risco de transformar aquele braço de tacacazeira no tríceps do incrível Hulk. Mas também não pode viver ao Deus dará. As malditas celulites adoram bundões e coxas grossas. Nem Juliana Paes e Beyoncé escapam! Aliás, dois bons exemplares de mulher grandona. Ah, e tem outra coisa da qual você, mulher purruda, não escapará. Terás que ter, e usar, calçolas. Siimmm, calçolas, a lá Briget Jones, lembra? É que bundas grandes da vida real nem sempre se comportam bem com fio dental ou tanguinhas. Inevitavelmente, alguns vestidos pedirão calçolas. E claro que em algum momento da sua vida o dia da calçola vai cair junto com o dia em que, por acaso, você encontrará aquele espetáculo de homem. Aí, é melhor apagar a luz, ir ao banheiro e já voltar sem calcinha. Bem bandida!
           Olha só, não tô fazendo apologia ao sedentarismo, porque mesmo com toda a minha preguiça, tenho que admitir que é necessário se mexer. Nem tô discriminando as magras. Parece estranho, mas gosto de ser grandona ao mesmo tempo que sei admirar uma boa magrinha. Só que tenho que puxar a brasa pro meu lado né. E eu tenho que dizer que, apesar do bundão, dos vexames e da calçola, uma mulher grandona tem muita gostosura. Eu mesma já ouvi muitos homens, opa, muitos, não, alguns assim...bem, já ouvi uns homens dizerem que preferem mulheres de peso, sabe, mulheres que façam peso, cujos corpos ofereçam certa resistência. Adoro!
           Então, garota, é o seguinte: se você é uma mulher grandona, não adianta espernear. Se acostuma com as calçolas, aprende a dar boas respostas pros coiós e tira proveito dessas carnes, principalmente dos bofes que gostam de encher a mão e queiram te experimentar. Tudo vale a pena se a volúpia não é pequena.
           
      

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Amigo é pa cu de outro

          Hoje é sábado, início do fim de semana que vai virar feriadão. É A-quele fim de semana. Aquele que foi esperado desde a segunda-feira, aquele que demorou um milhão de segundos pra chegar. Na mata, o amanhecer com cheirinho de orvalho avisa a bicharada que é hora de se animar. No favo 159 da colmeia mais disputada, Belinha, a abelha, abre os olhos e pensa: "Que preguicinha..., será que volto a dormir ou é melhor levantar? Dormir, que nada!" Decidiu se levantar, abriu a janela e olhou. Que dia lindo! O céu tão azul... Sentiu alegria, sensação de liberdade. Nada programado, mas todas as possibilidades.
           Depois de uma semana dura, de muito batalhar o mel de cada dia, Belinha não via a hora de aproveitar a vida. Um belo banho, cheirinho gostoso, café da manhã e... "Vejamos o que se há de fazer...Já sei! Que tal uma sessão de embelezamento?" Não tem alma feminina que resista, abelha ou não.
          E lá foi Belinha, toda faceira pelas trilhas da mata, rumo ao salão Beleza Pura. Chegando lá, aproveitou o clima animado, fofocou, fez as patinhas, lustrou as asas. Dona Joaninha apareceu. São muito amigas. "E aí, Joanete? Qual a boa de hoje? Onde a gente vai grelhar?", perguntou Belinha. "Putz, tô saindo correndo. Vou pro Festival dos Bezouros, lá pelas bandas da Selva de Pedra. Aliás, me arranja cem pilas? Na volta eu pago" Belinha, sempre solícita, puxou da bolsa e deu. "Fui. Beijo, me tuíta!", respondeu Joaninha. "Mas Joanete, a gente não ia ao cine..." Belinha tentou falar, mas nem deu tempo e a amiga já escapava pela porta. "Poxann...", pensou a abelhinha, mas tentou se reanimar e continuou a se embelezar. Agora, com menos bufunfa.
        Quando estava toda, toda, o celular tocou: "Holiday Celebrate, Holyday Celebrate". Uhuu, deve ser alguém chamando pra sair. Atendeu e era seu gatinho. Gatinho, não, zangão, o Zanguinho. "Ai, Belinha, cof, cof, nem vou poder sair hoje, cof, cof". Garganta inflamada, febre e dor de cabeça. "Pode passar na farmácia, comprar o remédio, fazer uma sopinha e trazer?" E Belinha, toda belíssima, saiu do salão sem ter onde gastar a belezura. Mas cumpriu a missão de boa namorada e o Zanguinho foi mimar.
       Patinhas descascadas, anteninha já espetada e cheiro de cebola, Belinha volta pra casa desarerada. "Ai São José Operário da boa balada, dá uma forcinha aí, né!". Sem parceira e agora sem bofinho...o quer será da Belinha? Voltou pra casa e desanimou. Depois de algumas ligações, desistiu. Quem não viajou, foi pro festival ou simplesmente não foi. Terminou a noite em casa, vendo Zorra Animal.
         Mas, como dizem por aí, nada melhor que um dia após o outro. E eis que chega o domingo. Belinha desperta, esperando melhores ares. O sol a pino e o céu azul convidam pro ócio de biquini. Água de coco, bronzeador e sonzinho relax à beira do lago. E tudo de gátis! Ligou pra Libe Libélula, pra Fá Formiguinha e pra Bia Barata. "Ah legal, a gente chega já já". Belinha se aprumou. Arrumou o cenário, escolheu o melhor lugar do lago e até armou piquenique. Ufa, que canseira! Mas há de valer a pena. Daí, passou uma, passaram duas, três horas se passaram e nada. Até que as três aparecem. "Menina, que fome!", disse já comendo, a Fá Formiguinha. "A gente tava de ressaca e preguiça e só agora conseguimos chegar e, poxa, já tamo partindo. Tem cervejada na casa do Rafa Gafanhoto", completou Bia Barata. E saíram sem cerimônia, levando a comida.
         Então a ficha caiu. "Belinha, teu ibope já era. Tu dançou e a galera nem tchum!...Ah fulerage!"
         Foi aí que lembrou de tudo. Das noites pouco dormidas pra ouvir o chororô de uma dor de cotovelo, de estar morta de cansada, mas comparecer pra não deixar na mão, de emprestar seu favo pra aniversários e despedidas, de se importar. Depois refletiu: "Amigo é pa cu de outro!" Terminou o feriado, do mesmo jeito que começou, vendo TV.
      
         Moral da história: Quem muito se dá, pouco recebe. Ou, se pereferir: Tem dias que a noite é foda! E já dizia Zeca Pagodinho...Camarão que dorme a onda leva.