sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Papo de Papai Noel e um saco de presentes

            Gente, tenho que dar! Perainda, não é isso que vocês estão pensando.... Bom, isso eu também tenho que dar, sempre, que é de lei. Mas como isso é tema pra outro Papo Coisinhas, voltemos ao assunto de hoje. Gente, tenho que dar, presentes. E tenho que dar porque chegou o fim de ano e está aberta a temporada de caça aos presentes. São pelo menos nove. Olha a situação, meu sobrinho faz aniversário no dia 24 de dezembro, tem os presentinhos pra família, que inclui dois irmãos, duas cunhadas, pai, mãe e namorado. E o namoro completa ano em 12 de dezembro. Só aí, já tem nove presentes pra dar. Se pintarem os famigerados amigos ocultos, tô fu-fu e lá se vão aquelas gordurinhas do salário de fim de ano.
            Chega essa época, aaahhh o fim de ano.....Dezembro, aquele clima de confraternização e paz entre as nações, pisca-pisca pra tudo que é lado, pagamento um pouco mais gordinho, comilança permitida, muitas outras delicinhas e temos que dar presentes. Mas aí eu me pergunto: Se é presente, não deveria ser uma coisa que a gente dá porque quer e não por obrigação? Calma, ainda tô falando de presentes, lembra? Sei que tem outras coisas que a gente dá porque quer, mas isso, depois te conto. Agora, voltemos aos presentes. Então, o presente deveria ser algo puramente espontâneo, mas desde que o Diabo neoimperialista e pós-capitalista inventou que Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia das Crianças e Dia dos Pais é tudo a mesma coisa, ou seja, motivo pra gastar, acabou a graça de dar presente.
          Agora, a gente tem a obrigação de dar, e com data marcada. Muito brochante, isso. E os dias que antecedem essas datas deixam todo mundo nos cascos. Quem tem que dar, fica louco pensando em como vai fazer pra ter tempo e dinheiro pra comprar tudo e fica encucado pensando no que dar pra cada um. Quem tá esperando, fica se perguntando se será lembrado e se vai ganhar algo que valha a agonia. Aliás, isso é uma maravilha pros agoniados e ansiosos.....É por essas e outras que corri pra divã do terapeuta.
          E ai de você, se esquecer de alguém! Serás crucificado e amaldiçoado até tua décima geração.Você tem muitos sobrinhos ou afilhados e a grana tá cruta?  Estarás condenado à falência natalina ou recebrás o ódio mortal de um curumim que esperava um brinquedo novo. Sim, porque sempre vai faltar presente pra alguém, ou alguéns, dependendo do tamanho do rombo no teu saco de Papai Noel. Aí, o curumim vai te olhar com aqueles olhos de filhote abandonado e em seguida desejará que você apodreça no mármore do inferno. A gente acaba se sentindo culpado até quando não tem grana pra agradar a todos. Às vezes, penso que vou chegar diante de São Pedro e ele: "Fostes uma boa menina?" E eu: "Eu tentei, São Pedro". "Ahhhh, mas esqueceste aquele presente, naquele ano, praquele curumin. Volta pra Terra e paga 200 flexões, senão vai direto tostar no espetinho do capeta!"
         Gente, e como faz pra não repetir presente? Principalmente pros parentes mais próximos, como pai e mãe? Pra eles, a gente tem que fazer de tudo pra não faltar e sempre tem que ser especial né....é pai, e mãe. É muita dificuldade, tô ficando velha, às vezes nem lembro mais o que já dei. São muitos Natais, Dias dos Pais e Dias das Mães, pelos menos uns 20, e de cada data, hein! Só se eu fizer uma tabela no Execel, né! E, sim, tenho mais de 30, mas não espalhem, tá, meus queridos, cinco leitores fieis.
         E, pra acabar de uma vez, ainda têm os infames amigos ocultos. Tem de todo tipo: de doce, de CD, de bebida, o tal de inimigo oculto e, por aí vai....Olha, tá, tudo bem, é legal trocar presentes, se reunir com o pessoal do trabalho fora do trabalho e tal, mas se tiver o amigo culto da empresa, o da turma de amigos mais chegado, aquela da galera de ex-alunos não sei daonde e sei lá mais o quê, não tem ganhador da Mega-Sena que dê conta!
        E ainda tem mais...Como é que a gente compra presente pra alguém que a gente nem conhece direito? Isso sempre acontece nos amigos ocultos. Pior é ter que fazer aquela declaração, "meu amigo oculto é..." O que dizer numa hora dessas, se a única coisa que você sabe da pessoa é o nome que, aliás, acabou de aprender? Olha, uma vez o carinha que me tirou, disse: "A minha amiga oculta....não tenho nada a dizer sobre ela". Ahhhh, fiquei com sangue nos olhos. Poxa, custava ser um pouco mais criativo?
        Enfim, morte ao Diabo neoimperialista e pós-capitalista! É por causa dele que a gente TEM que dar.
        

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gente que gralha e a técnica da Supernanny

            Vou falar uma coisa pra vocês, eu detesto do fundinho do meu coração gente que gralha. É, gente que gralha. Sabe aquelas pessoas que não sabem falar? Pois é, tô falando dessa galera que quer vencer no grito. Eu detesto. Alôoooooooo! Pra esse gente que gralha, só tenho uma coisa a dizer: Gente, posso até ser meio doida, mas não sou surda! Ainda, né, porque se continuarem gritando no meu ouvido é bem capaz que acabe ficando moca, surdinha da Silva!
             Não consigo entender porque gritar se a gente pode simplesmente dizer. Simples assim. Será que gente que gralha acha que faz diferença gritar? Que gritando, as pessoas vão atender e entender melhor? Pra mim, é a mesma coisa que buzinar no meio de um engarrafamento. Só piora o problema. Você tá lá paradão, dentro de um carro fechado, não vai pra frente nem pra trás, possivelmente atrasado e, do nada, os outros loucos começam a buzinar. Peeeennnn, peeeennn, peeennn!!!!!!! Por acaso os carros vão andar só porque vários rabujentos começaram a buzinar? Será que a buzina tem o poder mágico de fazer os carros saírem da sua frente? Alôooooo, claro que não!
             Então, a buzina no engarrafamento é a mesmíssima coisa de uma gralha compulsiva gritando diante de qualquer problema. Se o filho não quer tomar banho, GRAAALHA. Se a internet tá lenta e o e-mail demora mil anos pra abrir, GRAAAALHA. Se o lanche do dia de pescoção no trabalho é kikão e churrasquinho de gato, GRAAAAALHA. Se não tem vaga no estacionamento, GRAAAAALHA. Se a mulher demora vendo vitrines no shopping, GRAAAALHA. Se o marido atrasa um pouco, GRAAAALHA.
             Ai, minha nossa Senhora do Sossega a Periquita! Alôooooo, a criança obedece pelo respeito, a internet é uma bosta mesmo, kikão não se transforma em espetinho, vagas aparecem em algum momento e foi você que escolheu seu companheiro (a), mesmo conhecendo todos os defeitos. O grito não vai alterar as forças do universo. Gente que gralha tá só desperdiçando energia e cansando a minha beleza.
            Então, por que as pessoas gritam tanto sem necessidade? A: Querem ser notadas a qualquer custo. B: Acham que somos surdos. C: Não têm nada a dizer, mas juram que somos obrigados a ouvi-las. D: São chatas e infelizes. E: Isso é falta de uma boa foda. F: Tudo isso junto.
            Fico com a alternativa F. Essa gente que gralha deve ter problema. Não entendo o porquê de tanta gritaria e, quanto mais faço terapia, menos paciência tenho para coisas sem sentido. É por isso que sou adepta da técnica da Supernanny. Quando preciso dar uma bronca ou quero realmente ser compreendida e resolver um problema, uso a técnica da Supernanny. Olho bem nos olhos da pessoa e falo num tom assertivo, mas sem gritar. Sabe que dá certo! Esses dias ouvi uma confissão de uma colega, que disse que prefere levar bronca de outros do que de mim. A técnica da Supernanny, segundo ela, faz com a pessoa realmente sinta o que to querendo dizer. Viu? Nem preciso gritar.
            Sigo preferindo a paz, o sossego, o diálogo e mesmo o silêncio, que às vezes diz mais que 500 mil palavras. Quem grita, já perdeu metade da razão e o máximo que vai ganhar do outro é raiva e irritação. O problema continuará lá.
        

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Academia

 
             Academia é um negócio maluco. Se você não é sarado, paga caro e já é esculhambado logo na entrada. Olha só, avaliação física: você, só de top, um shortinho ridiculamente short e meias. As banhas láaaaaa, expostas, pulando pra fora....Aí, o cara belisca todas as tuas dobras, te pesa, te mede e dá uma olhada na tua postura. Geralmente não tenho vergonha do meu corpo, mas ter alguém que você nem conhece, nem tomou um drink antes, apontando seus mínimos defeitos, é dose!
          Pois é, terminados os testes, o cara te diz: você tem que perder dez quilos, o quadril é mais alto do lado esquerdo, o ombro mais baixo do lado esquerdo, tem lordose, escoliose e cifose (traduzindo: sua coluna se fudeu) e seus pés são virados pra fora. Bom, pelo menos dessa vez, não deu pé chato e joelhos emborcados pra dentro. Ah, também diminui um centímetro, é mole? E claro, a resistência foi pro saco.
          Quando já tá pensando em encomendar o caixão, o cara te passa pra um instrutor. "Olha ai, faz o programa dela. Mas pega leve. É uma sedentária fumante". Sim, já me disseram assim. Pelo menos os cigarros, joguei fora.... Enfim, quando vi uma mini cintura andando pra lá e pra cá, desfilando duas coxas de pernil superdotado, perguntei: "Em quanto tempo tu me deixa assim?". Depois de uma olhada de cima a baixo, escuto: "Rapaz....uns cinco ou seis anos". Humilhada estava, humilhada fiquei. Cain, cain, cain....
            Não contente, resolvo explicar que não quero músculos, quero apenas secar as dobrinhas. Explico enquanto me deito num aparelho de empurrar peso, com as pernas para cima, quase um exame ginecológico. "Traz o bico de pato!", penso. Nessa hora o cara olha pro meu buchinho e diz: "Depois vamos investir no aeróbico, pra baixar esse negócio aí". Esse negócio aí?
            Tá achando que já teve esculhambação suficiente? Ha-ha-ha. Ainda tem as posições que agente é obrigada a fazer na frente de estranhos só pra ficar mais bonitinha....Gente, quem já entrou pelo menos uma vez na academia sabe que existe um aparelho chamado adutora e outro, que é primo, batizado de abdutora. Pra quem não conhece, explico que um serve pra exercitar os músculos de dentro da coxa e o outro, pra mexer os de fora. Mas o que importa é que, pra isso, a gente tem que sentar e se arreganhar, abrindo e fechando as pernas, abrindo e fechando as pernas.
            Agora me explica, pra que colocar o diacho desses aparelhos na frente de um espelho ou de cara pra um alteres que só os marmanjos usam? Olha a safanagem... você lá se arreganhando e um bombadão levantando peso e tentando não olhar pras suas partes pudendas. Você abre as pernas e olha pra cima, pros lados...e o bombado lá, suando que nem um porco e, certamente, pensando: "Minha vó de calçola, minha vó de calçola....". Sabe como é, pra evitar um possível vexame...
            Também queria que alguém me explicasse porque as academias já começam com uma escada delícia pra gente subir, mesmo antes de qualquer aquecimento. Sério, nas três últimas que frequentei, tive que enfrentar as benditas escadas. E eu, a sendentária e agora ex-fumante, já chego na academia bufando. Depois de uns 15 minutos me esticando, pra dar tempo de me recuperar dos degraus, parto pra esteira. Aqui, não resitso ao clichê. Me sinto um ratinho dentro daquelas rodas que colocam pros pobres roedores. Como meus pulmões ainda não entendem o que está acontecendo, não corro. Ando, ando, ando, ando....mas não chego a lugar nenhum.
             E o pior é fazer isso na frente de uma TV que, em geral, não está sendo ouvida porque o barulho da academia ensurdece. Quer dizer, você anda sem sair do lugar e os olhos ficam vidrados em imagens coloridas que mudam rapidamente, mas você não sabe o que o povo tá falando. Hummmmm....lembrei do Laranja Mecânica. E, por falar em barulho, quem foi que disse que trava dance é música pra malhação? Nada contra as 'travas', mas por que não um popzinho ou um rock mais leve? Você tá lá se matando pra perder umas calorias e imagina que horas a mona vai entrar pra acabar com a raça das amapô.
            "Ah, mas academia é bom pra socializar". Ok. Mas como é que socializa com Iphone, MP3, MP4 e sei mais lá o que? A academia é o reino encantado do fone de ouvido. Pois é, não sei se sou eu, mas em um mês, o máximo que socializei foi na sessão de alongamento com direito a coluna estalada que ganhei dia desses de um instrutor. O negócio foi tão bom que merecia um beijo na boca. Não levou. Só que tenho pra mim que ele quer que a fofa aqui o contrate como personal. Rá, se ferrou!
            Não, minto, socializei sim. Socielizei meu suor com os outros. Sim, porque uma parte de você fica na academia, nos aparelhos, nos colchonetes. E uma parte dos outros você leva pra casa....Melhor nem pensar, é que nem queijo coalho.


     

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Gentileza X Gente Lesa


              Por onde andará Gentileza? Não tenho visto por aqui. Deve ter se cansado das patadas e se empirulitado pra bem longe. Gentileza é sensível e passou uns maus bocados na última luta contra Gente Lesa. Oh, Gentileza! Onde estás que não respondes? Não sei. Só sei que depois que cobriram de cinza suas palavras, Gentileza subiu, subiu, subiu e do Rio, o de Janeiro, acabou vindo parar em outro Rio, o Amazonas. Mas cadê Gentileza, meu povo? Tá faltando por essas bandas.
             Dizem que andou um tempo pelo El Dorado. Pediu um chopp e um tira gosto de filé com batatas.  Com vontade de compartilhar, Gentileza chamou, Alegria, Simpatia e Harmonia, três irmãs que andavam sempre por ali. Comeram e beberam e riram por um bom tempo, até que os comes acabaram e apareceu a garçonete Marrentinha. "Ué, pão de alho? Mas ninguém pediu, moça". "Eu sei", disse Marrentinha. "Ele acompanha o tira gosto", completou. "Mas querida, a carne já acabou há um tempão!". "Bom, se não quiserem o pão, podem jogar fora!", concluiu a moça, com aquela elegância dos melhores estábulos de Londres.
          O pobre do Gentileza se magoou. Foi consolado por Alegria e Simpatia. Mas Harmonia fraquejou: "Arrhhhg! Vem cá, pra ver se eu não jogo esse pão bem no meio do olho da tua cara!" Simpatia pediu calma. "Harmonia, assim não! Sossega essa periquita e fica firme. O que será de nós, se Harmonia se perder?" Gentileza enxugou as lágrimas, pagou a conta e partiu. Andou pela praça e viu uma avó brincando com o neto. "Isso sim!", vibrou. Mas foi só ficar olhando uns instantes para ouvir: "Olha vovó, achei uma flor pra senhora". A a vovó, sem olhar direito: "Ta bom, ta bom, vai pra lá brincar". De magoado a chocado, Gentileza pensou: "Ô velha chata! Custava olhar o garoto nos olhos e agradecer? Aqui não quero mais ficar. Táxi!"
           Pelo que me contaram, já no carro, Gentileza deu um no sonoro "boa noite" ao motorista pra ver se dava um chega pra lá na cara de bunda que acabara de lançar à velhota. De volta, recebeu apenas um amarelo sorriso de quem já não aguenta mais andar pela face da terra. "Cruz em credo! Vou pra casa da Paciência, a prima da Hamornia, pra ver se lá a coisa melhora". "Moço, vai por ali". Mas após uma curva, o motora deu logo de cara com um 'motorista autorama', daqueles que se segue, beeeemmm devagar as linhas da pista. Depois de uns porras, caralhos e putas que parius, o motora ultrapossou. "Ai, só podia ser um velho mesmo! Tenho raiva de velho. Querem ser o que o jovem é". Já esquecendo de Paciência, Gentileza, que já passou de certa idade, disparou: "Pára essa carroça, que eu quero descer! Olha, agora tu és moço, mas também vais ficar velho! Quero só ver quando o insultado fores tu..." Ah, eu concordo com Gentileza, o velho do autorama tava até atrapalhando, mas pra essa esculhambação?
             Já sem nenhuma esportiva, Gentileza saiu do táxi dando pinote. "E eu não vou pagar essa corrida. Não sou obrigado a ouvir grosseria  nem cheguei onde queria!" Pra quê? Já foi pegando um tapa no pé da orelha. Contaram que Gentileza apanhou que nem cão condenado de rua. Depois, o motora jogou Gentileza pra dentro do carro e não se soube mais dele. É meu povo, dureza essa luta de Gentileza contra Gente Lesa....Gente Lesa pensa que tudo é na base da gritaria, já sai dando porrada e/ou fuzilando com patadas verborrágicas.
            E agora, por onde andará Gentileza? Será que foi deixado por aí? Será que perdeu a memória e se perdeu? Dizem que Gentileza morreu. Mas não acredito. Deve andar por aí, ainda à procura de Alegria, Simpatia, Harmonia e Paciência. Gentileza não pode morrer.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quero pra mim e pra você


            Hoje eu quero um amanhecer com sol e sorriso. Quero pássaros que me saúdam com belos cantos. Me espreguiçar na cama, ainda sentindo o cheirinho de descanso. Quero a sombra de uma frondosa árvore, sentir a leve brisa que toca as folhas e ouvir seu toque com suavidade. Quero um "Bom dia!" e alguns "Obrigadas". Quero as gargalhadas da criança feliz e o rabinho agitado de um cãozinho fiel. Quero um café da manhã regional, cheiro de café quentinho, bolo de macaxeira e banana frita. Quero andar na rua e sentir o vento beijar meu rosto.
            Quero o furacão do Cazuza e a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida. Quero um amor avassalador e paixões desmedidas. Quero beijos longos com abraços apertados. Quero noites de prazer e declarações de amor sem vergonha . Quero boas companhias e um companheiro. Me apaixonar sempre pelo meu grande amor. Tomar um porre de felicidade e chorar quando o coração partir. Quero a liberdade de mudar de ideia e a incerteza do ir e vir.
             Quero viagens sem destino, fazer as malas e partir. Quero a surpresa das novas amizades e a delícia dos reencontros. Quero caminhar na areia, sentir os grãos com os pés descalços. Quero o vai e vem das ondas do mar e oferendas para Iemanjá. Quero um passeio por entre a mata e um banho frio de igarapé. Quero navegar, quero voar. Quero me perder e me reeinventar. Quero a cadência de um samba antigo e dançar e dançar e dançar.
              Quero a confusão do almoço em família e o afago de pequenas mãos. Quero o colo de meus velhos pais e a sabedoria dos avós que já partiram. Quero a fraternidade com meus irmãos e até as rusgas de desentendimento.  Quero um afago pelas fraquezas e cafunés em dias de lamento. Quero a sinceridade de uma verdade forte. Quero o biscoitinho da boa sorte. Quero que doa, mas não seja omissão. Não ter amarras no coração.
             Quero o impulso dos desafios e o aprendizado do dia a dia. Quero a certeza de que você vem e não saber a hora de partir. Quero o cair da noite, deixar a lua me encantar e esquecer a hora de dormir. Quero os sons de belas canções e ouvir música até sonhar. Quero o sono dos justos e adormecer em paz. Quero o corpo são e a mente leve. Quero o feliz e o triste de uma boa história. Quero viver e enfeitiçar.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mais que merda!

          
           Eu quero saber quem foi o corno que inventou os banheiros coletivos! E quando falo em banheiro coletivo, quero dizer aqueles de shoppings, dos locais de trabalho e das festas. Uma portinha do lado da outra, com paredes que não chegam ao chão, nem alcançam o teto. Pequenos detalhes? Pode ser, mas é nos detalhes que mora o diabo. Sim, porque desde que inventaram isso somos obrigados a compartilhar as intimidades mais profundas, se é que vocês me entendem.
           Tem hora que é melhor ninguém saber que é você quem está lá. Olha só, você acabou de comer uma daquelas feijoadas de sexta-feira e volta pro trabalho com aquela aflição. Corre pro banheiro. Escolhe a última das portinhas e torce pra que tudo acabe rápido. Mas feijoada ninguém segura. E eis que no meio dos trabalhos, bem na hora da explosão, alguém entra e toma assento. E agora? A: Você age rápido, elimina as provas do crime e sai antes do colega ou antes que outra pessoa entre; B: Se finge de morto e fica de butuca ligada pra saber quando a barra está limpa; C: Elimina as provas do crime sem pressa, deixa o cubículo como se nada tivesse acontecido e comenta "Tá quente hoje né?", enquanto lava as mãos ao lado do colega, já meio esverdeado por causa do futum. E esse é o único teste em que NDA significa que Nenhuma das Alternativas Anteriores vai deixar você confortável.
         Há também os momentos em que você daria tudo pra não conhecer a identidade da pessoa ao lado. Você tá lá no seu momento pipi básico. De repente, entra aquela colega. A fina, que você reconhece só pelo 'potoc-potoc' do salto alto. Você não sabe se ela sabe que tem alguém na baia ao lado. Mas você escuta a milady se aliviar num estrondoso 'poooooropopooropopo', como um motor de motoca que se prolonga na saída. Gente, isso é natural. Às vezes, acontece. Mas garanto que você preferia ficar com a imagem de fina da colega ao lado ao ter que saber que ela também pode por pra fora algo capaz de fazer desmaiar o mais fedido dos gambás. E o pior é que a gente volta à opção C do parágrafo anterior. Sim, porque um corno inventou os banheiros coletivos, vocês terão que dividir esse momento de vergonha alheia. As duas lavando as mãos num papo furado qualquer, sem se olhar, só pra não ter que encarar a realidade.
       Tem também aqueles momentos que nos levam a pensar o impensável. Exemplo: Alguém me explica porque alguns pipis femininos se derramam em volumosa cachoeira 'chróooooooooo' e outros simplesmente são singelos conta-gotas 'plipliplipliplipli'? Bom, melhor não entrar nos detalhes sobre a flexibilidade ou capacidade de alargamento de nossas partes mais íntimas. Mas, porque alguém inventou esse negócio de privadas em baias, será inevitável pensar o que a colega andou fazendo.
       Isso sem falar nos cagões generosos, que querem de todo jeito compartilhar sua beleza interior e aquele pessoal que toma todas nas festas e abandona o Raul no banheiro. Gente, vamos deixar algo bem claro, não tô querendo saber como é que fica aquele feijão de ontem, depois de processado, nem mereço me lembrar da meninda do Exorcista no meio de uma balada, correndo o risco de transformar meu Carolina Herrera no agradável odor de leite azedado.
      Agora, se eu que não dispenso um matinho em caso de precisão, quero saber quem foi o corno que inventou os banheiros coletivos, imagina como deve estar a galera que não consegue nem pensar em dividir esses segredos de trono. Leseira, é? Então pensa naquele pessoal que prefere se espremer todo a ter que se livrar daquele corpo que não te pertence num banheiro coletivo. Conheço gente que passa o dia se espremendo, mas só faz em casa, com medo de fazer barulho na hora 'H', ou 'M', se preferir. Também conheço neguinho que só faz em casa, porque precisa tomar banho depois. É triste, mas banheiro coletivo geralmente não tem chuveiro.
      E eu que gosto desses momentos de solidão pra pensar, nem isso posso fazer nesses malditos banheiros coletivos. Sim, já tive muitas boas ideias de pauta e pari alguns leads sentada numa privada. Mas como fazer isso, se tem gente que entra, abaixa as calças e já vai tagarelando no celular? Valha-me Deus!
      É nessas horas que penso: tudo isso por quê?  Porque nesse nosso mundinho de correria precisamos dos banheiros coletivos pra fila andar sempre rápido. Não há mais tempo nem pra cagar em paz, um de cada vez, em seu momento particular. Mais que merda!
 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pra quê que tu bebe?


            Começa assim...animação, liberdade e uma loura bem suadinha. Ela vem dourada, gelada. E se o pecado tem forma de chopp, aquele véu cremoso. Delícia! Clima de mesa de bar, amigos reunidos, encegueirados.  Firmeza no propósito de encher a cara e ser feliz. Leseiras e gargalhadas. Depois vai esquentando. À medida que o álcool entra, os segredos saem. E quem se importa? Também, amanhã ninguém lembra! A cachaça é borracha eficiente. Me descuido e não lembra, mas tem um que não bebe. Só urubuservando, registrando. Desce uma, desce duas, desce cinco, desce oito...."Hummmm to ficando leve, embonitei, enriquei...." Uhuuu, simbora pra boate!
            A caminho da boate, todos no mesmo carro, a maior galinhagem. Só puta e viado! Pra bom entendedor, a mulherada e os amigos gays. Sem sacanagem. Ou melhor, com sacanagem, mas sem preconceito. Acho até que sou meio viada... E com o cérebro meladinho de álcool, o papo rola solto e sem-vergonha. O assunto? Pintos, pênis e paus, claro! Somos fúteis? Óbvio que não. Não existe nada mais útil pra mulheres e viados do que um bom pênis. Alguém acende um baseado.  Putz, vou pegar essa meresia. A outra começa a cantar Alcione...."Você me vira a cabeçaaaaa, me tira do séeeeriooooo..." Dor de cotovelo é foda, mas, amigo é pa cu de outro. Porra, me lembro que esqueci de sacar dinheiro. Ah, mas to com o cartão de débito. Uhuuuu, to rica. Nessa hora, já to milionária. To pagano!
           Na boate, tuch tuch tuch, a música alta e a luz estrobo, estrobos, estroboscópica....ai, tenta falar isso bêbada..., e a luz estroboscópica elevam o álcool e a maresia à décima quinta potência. Ei, quero vodka com red bull! Empolgação velocidade cinco. Tuch tuch tuch rebola pra lá, rebola pra cá, mãozinha pro alto, a outra não larga do copo. Chão, chão, chão! Chan, chan, chão! Chan, Chão! Até embaaiiixo! Um beijo na boca da bicha amiga. O gatinho vê e sai fora. Perdi o peguete, mas azar o dele. Uhuuuu, rodada de tequila. Sal, tequila e limão. Engulo e quando volto, pirei o cabeção. Vou dançar no balcão! Tuch tuch tuch. Ai se tivesse um mastro....tuch tuch tuch.
          Aquilo é luz da boate ou será um celular? Sei lá, vou me acabar de dançar. Tuch tuch tuch. Outra vodka com red bull, mais rodada de tequila. A amiga vomita no banheiro. Cadê o sapato do Joel? Tá no pé da Julinha... Tuch tuch tuch. Mais um beijo na boca, mas nem sei mais quem é. A amiga do vômito deu perda total. Um carinha carrega ela pra fora. Game over, game over!, grita a galera geral.  Vamos simbora. Tudo no mesmo carro. Só Deus nessa hora. Ei, tá mais apertado. Hummm esse carinha, hein...e da-lhe beijo na boca. Blackout.
         Acordei. Sobrevivi. Quase não abro o olho, o rímel grudou. Meu cabelo tá todo grudado, pro alto, a cara da Dona Frankenstein. Credo, que gosto de cabo de guarda chuva! E esse cheiro de suor, com cerveja e cigarro? Buraco no estômago.... Que papel é esse? Puta que pariu! Duzentas pilas de prejú. Peraí, esse  não é meu quarto. Nem quero olhar pro lado... Afe Maria! Isso não é um cofrinho, é um Banco Central! Parecia tão gato, ontem... Cadê minha calcinha, vou sair fora.
        Em casa. Alguém liga. "Ei, tu já viu?" "Eu não". Vai no "Youtube". Maldito aquele que não bebeu! Eu, dançando no balcão. Ah nãaaao, paguei peitinho... Ei, se não bebe, não desce pro play! Malditos celulares modernos! Safanagem!
       Saldo da balada: Mais pobre, mais feia, dor de cabeça, pênis não identificado, mico internacional, ainda solteira e com menos chance de desencalhar. Ai, pra quê que tu bebe, enjoada? Bebo porque não dá pra comer. Hahahahah.
       
        PS: Texto baseado em fatos reais. As identidades dos envolvidos foi preservada pra eu não ter que pagar indenização.

        "Eu bebo sim...estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo. Eu bebo sim!"


       

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bundão, calçola e gostosura



           Se você já tá na faixa das balzacas, tem mais de 1,65 de altura, algo acima dos padrões regionais, e deixou de usar roupas tamanho 38 faz tempo, mas também não chegou ao 46, pode ser que entenda bem do que vou falar. Se você se mantém entre o 40 e 42, tem bundão, coxa grossa, seios volumosos padrão espanhola, mas não tem cara de lua e a cintura cabe nos vestidos, você é o que as tias incovenientes convencionaram chamar de grandona, ou purruda, como diz o cabôco.
           Mulheres grandonas são uma categoria especial do sexo feminino, mas podem ser incompreendidas. Não são gordas, nem magras, apenas encorpadas. Mas os magrelos mais radicais as classificarão como 'fofinhas', ou 'fortinhas', como dirão os mais tímidos, com medo de represálias. E os gordos ou os que só pensam em músculos, as associarão com viciadas em musculação. Sério, uma vez se referiram a mim como "aquela bombadona". Bombadona é uma bomba bem grandona do caramba do raio que o parta! E 'fofinha' é uma coleção de bichinhos de pelúcia, ou uma filhote de foca branquinha e gorda! Mulheres grandonas são é gostosas, fortes, poderosas! São amazonas com dois seios, e seios beeem nutridos.
           Tá, eu confesso. Tô legislando em causa própria. E, mais uma vez, já sei que vai ter gente dizendo (ou pensando): "Essa daí se acha!". Mas é o que eu acho mesmo e, quem tem medo de dar a cara a tapa, não se mete a escrever. Enfim, mas pra não dizer que tudo é encantado no mundo das grandonas, porque não é, vamos às situações vexatórias.
           Lembra das tias inconvenientes do começo do texto? Pois é, você chega numa festa de família e lá vem uma delas: "Oi minha filha, tá tão bonita, tá forte, grandona!!!" De repente, perdeu a graça, e até desce pelo ralo aquela promoção no trabalho que você guardou como notícia pra causar inveja nas primas. E não precisa nem ir longe. Sua mãe vive dizendo: "Minha filha, você era tão fininha...." E diz isso, mesmo que seja na frente do teu gato. Só que a mãe esquece que esse 'fininha' era quando você tinha 15 anos. Tempo boooommmm, não volta maaaaissss. Saudades de outros tempos iguais....!" Esse 'fininha' não te pertence mais. Ah, e aí vai uma dica: fuja dos vestidos soltinhos, que não marcam a cintura, e das blusas tipo bata. Com seios fartos, esse tipo de roupa te prejudica e, se você estiver numa fila, pode acabar sendo convidada ao atendimento preferencial. É, isso também já aconteceu comigo. "A senhora não quer passar à frente?". Não sei se foi pior a caixa achar que eu tava grávida ou me chamar de senhora.
           E não adianta tentar fugir da natureza. Se fizer greve de fome, os ossos podem até aparecer, mas você nunca será fina e esguia como as modeletes, leves gazelas saltitantes na savana. E se exagerar na malhação pensando em queimar calorias, corre o risco de transformar aquele braço de tacacazeira no tríceps do incrível Hulk. Mas também não pode viver ao Deus dará. As malditas celulites adoram bundões e coxas grossas. Nem Juliana Paes e Beyoncé escapam! Aliás, dois bons exemplares de mulher grandona. Ah, e tem outra coisa da qual você, mulher purruda, não escapará. Terás que ter, e usar, calçolas. Siimmm, calçolas, a lá Briget Jones, lembra? É que bundas grandes da vida real nem sempre se comportam bem com fio dental ou tanguinhas. Inevitavelmente, alguns vestidos pedirão calçolas. E claro que em algum momento da sua vida o dia da calçola vai cair junto com o dia em que, por acaso, você encontrará aquele espetáculo de homem. Aí, é melhor apagar a luz, ir ao banheiro e já voltar sem calcinha. Bem bandida!
           Olha só, não tô fazendo apologia ao sedentarismo, porque mesmo com toda a minha preguiça, tenho que admitir que é necessário se mexer. Nem tô discriminando as magras. Parece estranho, mas gosto de ser grandona ao mesmo tempo que sei admirar uma boa magrinha. Só que tenho que puxar a brasa pro meu lado né. E eu tenho que dizer que, apesar do bundão, dos vexames e da calçola, uma mulher grandona tem muita gostosura. Eu mesma já ouvi muitos homens, opa, muitos, não, alguns assim...bem, já ouvi uns homens dizerem que preferem mulheres de peso, sabe, mulheres que façam peso, cujos corpos ofereçam certa resistência. Adoro!
           Então, garota, é o seguinte: se você é uma mulher grandona, não adianta espernear. Se acostuma com as calçolas, aprende a dar boas respostas pros coiós e tira proveito dessas carnes, principalmente dos bofes que gostam de encher a mão e queiram te experimentar. Tudo vale a pena se a volúpia não é pequena.
           
      

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Amigo é pa cu de outro

          Hoje é sábado, início do fim de semana que vai virar feriadão. É A-quele fim de semana. Aquele que foi esperado desde a segunda-feira, aquele que demorou um milhão de segundos pra chegar. Na mata, o amanhecer com cheirinho de orvalho avisa a bicharada que é hora de se animar. No favo 159 da colmeia mais disputada, Belinha, a abelha, abre os olhos e pensa: "Que preguicinha..., será que volto a dormir ou é melhor levantar? Dormir, que nada!" Decidiu se levantar, abriu a janela e olhou. Que dia lindo! O céu tão azul... Sentiu alegria, sensação de liberdade. Nada programado, mas todas as possibilidades.
           Depois de uma semana dura, de muito batalhar o mel de cada dia, Belinha não via a hora de aproveitar a vida. Um belo banho, cheirinho gostoso, café da manhã e... "Vejamos o que se há de fazer...Já sei! Que tal uma sessão de embelezamento?" Não tem alma feminina que resista, abelha ou não.
          E lá foi Belinha, toda faceira pelas trilhas da mata, rumo ao salão Beleza Pura. Chegando lá, aproveitou o clima animado, fofocou, fez as patinhas, lustrou as asas. Dona Joaninha apareceu. São muito amigas. "E aí, Joanete? Qual a boa de hoje? Onde a gente vai grelhar?", perguntou Belinha. "Putz, tô saindo correndo. Vou pro Festival dos Bezouros, lá pelas bandas da Selva de Pedra. Aliás, me arranja cem pilas? Na volta eu pago" Belinha, sempre solícita, puxou da bolsa e deu. "Fui. Beijo, me tuíta!", respondeu Joaninha. "Mas Joanete, a gente não ia ao cine..." Belinha tentou falar, mas nem deu tempo e a amiga já escapava pela porta. "Poxann...", pensou a abelhinha, mas tentou se reanimar e continuou a se embelezar. Agora, com menos bufunfa.
        Quando estava toda, toda, o celular tocou: "Holiday Celebrate, Holyday Celebrate". Uhuu, deve ser alguém chamando pra sair. Atendeu e era seu gatinho. Gatinho, não, zangão, o Zanguinho. "Ai, Belinha, cof, cof, nem vou poder sair hoje, cof, cof". Garganta inflamada, febre e dor de cabeça. "Pode passar na farmácia, comprar o remédio, fazer uma sopinha e trazer?" E Belinha, toda belíssima, saiu do salão sem ter onde gastar a belezura. Mas cumpriu a missão de boa namorada e o Zanguinho foi mimar.
       Patinhas descascadas, anteninha já espetada e cheiro de cebola, Belinha volta pra casa desarerada. "Ai São José Operário da boa balada, dá uma forcinha aí, né!". Sem parceira e agora sem bofinho...o quer será da Belinha? Voltou pra casa e desanimou. Depois de algumas ligações, desistiu. Quem não viajou, foi pro festival ou simplesmente não foi. Terminou a noite em casa, vendo Zorra Animal.
         Mas, como dizem por aí, nada melhor que um dia após o outro. E eis que chega o domingo. Belinha desperta, esperando melhores ares. O sol a pino e o céu azul convidam pro ócio de biquini. Água de coco, bronzeador e sonzinho relax à beira do lago. E tudo de gátis! Ligou pra Libe Libélula, pra Fá Formiguinha e pra Bia Barata. "Ah legal, a gente chega já já". Belinha se aprumou. Arrumou o cenário, escolheu o melhor lugar do lago e até armou piquenique. Ufa, que canseira! Mas há de valer a pena. Daí, passou uma, passaram duas, três horas se passaram e nada. Até que as três aparecem. "Menina, que fome!", disse já comendo, a Fá Formiguinha. "A gente tava de ressaca e preguiça e só agora conseguimos chegar e, poxa, já tamo partindo. Tem cervejada na casa do Rafa Gafanhoto", completou Bia Barata. E saíram sem cerimônia, levando a comida.
         Então a ficha caiu. "Belinha, teu ibope já era. Tu dançou e a galera nem tchum!...Ah fulerage!"
         Foi aí que lembrou de tudo. Das noites pouco dormidas pra ouvir o chororô de uma dor de cotovelo, de estar morta de cansada, mas comparecer pra não deixar na mão, de emprestar seu favo pra aniversários e despedidas, de se importar. Depois refletiu: "Amigo é pa cu de outro!" Terminou o feriado, do mesmo jeito que começou, vendo TV.
      
         Moral da história: Quem muito se dá, pouco recebe. Ou, se pereferir: Tem dias que a noite é foda! E já dizia Zeca Pagodinho...Camarão que dorme a onda leva.



      

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Inteligente ou gostosa?

            Dia desses lembrei de uma declaração da jornalista/atriz Marília Gabriela em que ela dizia: "Cansei de ser inteligente. Quero ser gostosa". Marília é bem conhecida como uma mulher inteligente, culta, capaz de conduzir boas entrevistas, conversas interessantes. Mas também é referência para piadinhas sobre mulheres mais velhas que passam longe do sexy symbol e que gostam de homens jovens. E quem é que não gosta de homem com vitalidade, né? Acho que por isso, a declaração causou certa surpresa na época, há uns anos. Se ela conseguiu tudo sendo mais inteligente que gostosa, por que estaria querendo mudar de lado? Usando mais a cabeça que a bunda, Marília alcançou o sucesso, ficou famosa e ainda pegou alguns gatos (nem todos suspeitos). Por que querer mudar?
           Não sei o que levou Marília a pensar no assunto, mas eu parei pra analisar a questão no meio de um papo fofoca, durante o expediente, com colegas de trabalho. A conversa começou quando brinquei dizendo já queria me aposentar e, quem sabe, viver de vender bijouterias nas praias do nordeste, quase hippie. Uma colega interveio e disse: "Gente, a gente tem é que ser dondoca. Casar com um homem rico e passar o dia no lazer". Daí outra falou: "É, mais esses homens ricos de hoje só querem casar com mulheres gostosas". Foi então que me perguntei: Eles preferem as inteligentes ou as gostosas? Podem até dizer que gostam mais de mulheres com cabeça para serem suas companheiras, mas será que lá no fundinho não querem mesmo uma que seja só gostosa, fique bem na foto e não dê trabalho com questionamentos? Foi quando me lembrei da Marília Gabriela. Se até essa aí quer mais é ser gostosa, o que não passará pela cabeça da macharada?
         Gente, quando digo gostosa, não to falando em bonitinha, nem arrumada. Tô me referindo a mulheres com traseiros fartos, arredondados e firmes, a la Sabirna Sato, coxas que mais parecem um pernil e, claro, peitos comprados no melhor cirurgião. Sim, porque esse é o padrão nacional de gostosa. Exagerado, ou, se preferir, bem exuberante, pra não ofender. Também  não podem faltar o cabelão comprido e volumoso (aplique ou não), com luzes, o salto que ofende a lei da gravidade e os minis: mini vestidos, mini saias, mini shorts, mini tops e o que mais der pra usar sendo mini. Instrução, linguagem articulada, leitura ou qualquer coisa que sirva de estímulo aos neurônios não são exigências. Mais valem três horas diárias na academia, suplementos alimentares (e eu sou o Saci Pererê! Tá boa?), simpatia, enxirimento e carão.
         Olha só a Sabrina Sato, já que falei nela antes. Cumpriu todos os requesitos supracitados. Ficou rica e famosa fazendo a gostosa burra e atrapalhada, mas gente boa, simpática, extrovertida e aventureira. Malhou mais um pouco e endureceu mais a bunda. O que aconteceu? Faturou um deputado federal. E a Marília Gabriela? Nem sei, mas parece que depois do Gianecinni nunca mais engatou nada sério. Continua inteleginte, fazendo ótimas entrevistas (pelo menos eu gosto!), mas tá longe de ser uma gostosa. Quem você acha que tá se divertindo mais?
         Ser inteligente dá um trabalho.....Sim, tô dizendo isso porque me acho! E daí? Dá trabalho pra quem usa a cabeça e também pra quem convive com ela. Uma mulher inteligente nunca vai aceitar uma desculpa esfarrapada, mesmo que se faça de lesa pra mais tarde dar a volta do anzol. Bom, pensando bem, ser gostosona também deve dar trabalho, são muitas horas na academia. Mas é pouco uso de neurônios e a inteligente corre o risco de viver uma eterna batalha porque, para ser dobrada, precisa se deparar com bons argumentos, espécie em extinção.
        Depois de tanto devaneio, até perguntei pra alguns caras. O que você prefere, a inteligente ou a gostosa? Levando em conta que não se pode ter tudo, ou as duas coisas, e o senso comum de que as gostosas são meio desprovidas de inteligência, um colega me respondeu que não tem paciência com mulheres burras e que, pra ele, dá mais trabalho lidar com gente que não o entende do que com alguém que questiona. Mas o melhor foi meu namorado: "Eu ficaria com a inteligente, porque ela teria inteligência suficiente para ficar gostosa!". Que tal? Ah, safado, deu boa resposta.
        Então, se você anda meio sem gracinha, se esperta! As gostosas estão em alta. E ninguém me engana. Por trás de toda aquela tolice, elas estão rindo de nós. Coxas e bundas bombadas, cofrinhos cheios no banco.
        E vocês, o que preferem, inteligente ou gostosa?

      PS: Não tô sugerindo que ninguém emburreça, mas se você prefirir, sinta-se à vontade, é socialmente aceito.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dedos nervosos

            As redes sociais da internet criaram uma nova subcategoria de gente. Os dedos nervosos. Acho que todo mundo deve ter um, ou mais de dois, na lista de amigos. E é muito fácil percebê-los. Às 8h já deram "Bom dia aos facebookers!!!", e por volta de 1h, 2h, na madruga mesmo, avisam: "Boa noite planeta. Desconectando em...3, 2, 1...." Vai dizer que nunca viu essas saudações? Se não viu, parabéns! Você foi premiado com amigos de mente equilibrada. Eu, como sou praticamente uma gangorra, tenho alguns dedos bem nervosinhos.
           Olha só o Zé Qualquer (nome fictício, para evitar acusações de calúnia, injúria e difamação). O Zé abre os olhos e em vez de dar bom dia aos filhos e à mulher, liga o note e faz questão: "Bom dia mundo virtual, bom dia gente do Face, bom dia twitters, bom dia quem só fica me vendo escrever, bom dia pseudo amigos que não sei porque adicionei...". Daí continua: "Tomando café"; "Indo limpar o cocô do meu filho";  "Vendo meu bebê dormindo"; "Almoçando"; "Ai, peraí, humm, só um peidinho"; "Nossa que alívio!"; "Novela é chato"; "Gooooooool!, pênalti aos 45 do segundo tempo, são paulinos são gays, flamenguistas são os melhores de todo o universo, corinthianos falam 'Tá me tirano, meu?"; "O Criança Esperança é igual todos os anos"; "Vou comer minha mulher"; "Tchau planeta, até amanhã".
          Zé Qualquer até quis compartilhar um momento de mais pura beleza. "No carro, no engarrafamento. Ouvindo Beyoncé. Entrando em êxtase sexual". Juro, foi isso mesmo! Como assim, Zé, tá se masturbando no engarrafamento e tem que gritar pra todo mundo ouvir? Tá querendo uma mãozinha? Mas pela net é só virtual....
          Os dedos nervosos são assim mesmo. Parece que as cenas da vida real só existem se forem replicadas no universo cibernético. E é preciso reafirmá-las a todo momento. Aliás, as rede sociais criaram os dedos nervosos e, para eles, o melhor cenário de uma vida dupla, sem riscos, sem toque, sem olho no olho, sem cheiro ou fedor, asséptico, mas onde tudo é possível. No fantástico mundo do Zé, ele pode ser famoso, dizer o que quiser, fantasiar que todos estão ouvindo e acreditar que vão seguir seus ensinamentos. Sim, porque todo dedo nervoso é um sábio. Adoro as pílulas de sabedoria. Algumas até fazem pensar, outras parecem tiradas do 'Almanaque dos Clichês', se existisse um. "É melhor ter um inimigo declarado, do que um falso amigo". Ha ha ha.
         Diz aí, Zé. Dedos nervosos nunca trabalham? Dedos nervosos não têm amigos de carne e osso? Dedos nervosos narram o dia inteiro no Facebook porque se sentem sós? Ou se sentem sós porque só compartilham na vida virtual?
         Olha, Zé Qualquer, se você está cuidando do seu filho, comendo sua mulher ou dando um peidinho, é porque você tá vivo. Mas isso não quer dizer que todos precisem saber o que faz, o dia inteiro. Se a novela é chata e o Criança Esperança é sempre igual, muda de canal. Também não precisa narrar o futebol. Quem quer assistir, já tá vendo a narração pela TV. E, pelo amor de Nossa Senhora da Boa Conectividade! Guarda pra você seus momentos de alcova, de rei no trono de cerâmica e coisas que envolvam zoofilia ou qualquer escatologia.
        O bom é que nem tudo está perdido. Se os dedos são nervosos, sempre podem ser melhor explorados. Já que que o negócio é compartilhar, me conta de um filme novo, divide comigo teu gosto musical, revela um talento desconhecido, me mostra algo que produziu. Vamos nos reconectar.
                                   
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Resposta da mulher da agoniada

            Para toda mulher agoniada existe um homem demorado.
            Vejamos de novo os fatos:
            Quando o conheci foi assim...Até o beijo foram meses. Depois ficar? Nã, nã, nã, nã não! Foi o jeito apressar e namorar.
             Combina de chegar cedo. Me liga às 19h30. "Vou só jantar e chego já". Passa 20h, passa 21h e chega 22h. "Cadê você?" "Estou jantando e chego já". Ai, ai, assim não dá pra aguentar.
             Ele avisa que liga daqui a pouco. Mas quanto tempo um "daqui a pouco" pode durar? Passam 15, 30 minutos, até uma hora a esperar. Assim, como não agoniar? Diz que não deixo molhar o bico. Então, meu amor, eu te digo: um "daqui a pouco", tem que ser pra já.
             Se ligo e ele não atende, é verdade, começo a pensar. Imagino tudo, que é outra, que é farra, até lembro do mais óbvio. "Deve ser trabalho, reunião. É melhor sossegar". Mas sem nem uma mensagem de volta, abre a porta a agoniação. Ligo uma, ligo duas, ligo três, quatro, cinco e seis. Ele avisa: "Ligo já já". Mas o daqui a pouco não tem hora pra acabar.
            E o mês dos namorados? Sei bem que não me aguento. "Será que ele vai lembrar? Será que vou gostar? Será que vai ser romântico?" Dou dicas escancaradas, pra fazer você pensar. Mas não quero ser descarada, quero só ver você caprichar.
            Não nasci de sete meses, mas que coisa difícil esperar! Quero saber, acelerar.
            Sou mulher agoniada e, oba!, só você pra me aturar.
            Ô homem demorado, se apressa pra eu relaxar!

           PS: O desafio do relacionamento é dividir sem perder a individualidade. Qualquer semelhança com o seu, é a mais pura realidade. 



            










domingo, 14 de agosto de 2011

Domingão dos pais

          Família reunida, sonzinho tocando, comidinha especial, aquela caixinha de cerveja e muita lorota pra lembrar dos tempos de criança e da juventude do velho. O cenário não deixa dúvida. O domingão é dos pais. Família é tudo. Amigo é bom, mas família é tudo. E as datas de comemoração têm mais é que ser celebradas. Quem diz que não gosta, que tem alergia à reunião de família, ou é ruim da cabeça ou doente mané. Mas tudo só vale a pena, se não for obrigação. Vai dizer que o coração não enche de alegria, quando vê o sorrisão do pai ao receber um abraço e descobrir o presente?
          E os preparativos podem começar até uma semana antes. Só nisso, a casa já fica mais alegre. Mamãe, papai, titia, netinho, todo mundo pensando em acarinhar. Energia boa. Escolher o presente pode dar trabalho, o shopping não é fácil de encarar, mas é gostoso encontrar aquele perfeito, que só o pai vai gostar. Depois a que planejar o cardápio. Aqui, vatapá, pirarucu e picanha de churrasco. Depois, é só afagar.
           Nem sempre fui a melhor filha. Nem sempre, ele o melhor pai. Mas não esqueço de nada e os momentos ruins sempre fazem pensar. Lembro, ainda pequena, deitada sobre o peito do pai, os dedinhos brincando com os pelos do peito e a soneca seguinte na rede embalada na tarde quente da Amazônia. Lembro de tudo, dos carinhos, da peia leve de cinto, do olhar de autoridade, dos conselhos e das palavras duras, às vezes ditas sem precisar. Não esqueça de nada, valorize, agradeça tudo. O bom e o ruim de fez ser quem você é. Te forjou para o mundo.
           Quando penso, tenho vontade de parar o tempo, de voltar no tempo. De ser criança de novo. De correr para o colo dele. Mas o tempo não pára, nem volta.
          Abrace, beije, agradeça, diga "Eu te amo". A vida é um meteoro e um dia ele vai faltar.

sábado, 13 de agosto de 2011

Eu que não queria ser um cabelo...

             Essa vai para todas as alisadas...
             Eu que não queria ser um cabelo, já dizia minha amiga Aninha. Desde pequena é um tal de "todos dançam, pega estica e puxa..." Sabe como é que é né, minhas raízes afrodescendentes nunca dão descanso. Tenho orgulho delas. Mas, ô cara aí de cima, o que custava fazer uns cachos menos rebeldes?
             Tudo começou quando eu ainda tinha uns cinco aninhos. Tentando amansar ou organizar os cachos, minha mãe e tias adoravam pentear. A receita é assim... Divide os cabelos. Metade pra lá, metade pra cá. Depois, estica cada metade, mas estica beeeem, senão não dá certo. Daí, pega um pente e, mexa por mexa, usa esse pente para fazer os cachos com movimentos em espiral. Ai, que beleza. Tortura chinesa, pra quem queria mesmo era correr pelo quintal da vovó. Uma ou duas horas depois, dependendo do humor dos cabelos, tá lá. Eu ficava a cara da Maisa do SBT. Acho que o Chuck perde, no quesito coisas infantis que paracem ter trato com o cramulhão, o coisa ruim...
            Tinha também a versão maria chiquinha, ou xuxinha (versão anterior aos DVDs só para baixinhos). Claro que não bastava fazer um rabo de cavalo pra trás. Bom mesmo era dividir tudo ao meio, esticar prum lado e pro outro e prender cada metade com uma maria chiquinha, que, aliás, tinha de todo tipo, de bolinha, de bichinho, de florzinha, do jeito que imaginasse. Mas isso era na época em que as crianças se vestiam de crianças...E quando digo esticar prum lado e pro outro, é esticar mesmo. Tanto, que os olhinhos ficavam puxados. Algo assim, uma china afroparaense. E tinha ainda a versão tudo esticado prum lado só. Um clássico dos anos 80. Mas o olhinho puxado era igual.
            Depois fiquei mocinha. Daí foi pracabá. Hormônios em fúria e, em vez de espinhas, cabelo sarará. A fase teen já começou com uma judiação. Corte à la Chitãozinho e Xororó. Onze anos e um mullet na cabeça pra encarar. O tufo de cima, do tampo da cabeça, podia até abrigar umas rolinhas. A fase cantor sertanejo do começo dos anos 90 durou uns dois ou três anos. Sim, porque cabelo crespo leva tempo pra crescer. E não cresce caindo e tomando forma. Cresce pra cima, pro lado. É dureza.
           Superada a tendência mullet, veio o tempo de Marina Silva. Sem muito o que fazer, o jeito era lavar e prender pra trás. Sem gracinha, sem gracinha. Até que....eis que surge o creme pra pentear, sem enxague. Coisa do tipo Tabajara. "Seus problemas acabaram!!!". É, porque antes disso, até Kolene tava valendo. E quem tem cabelo de negão e falar que nunca usou, nem uma vezinha que seja, tá mentindo mesmo!!! Pobres cachos afroparaenses...a vida era assim uma coisa meio lambusada. Lava, meleca e deixa secar. Ajuda, mas a qualquer sinal de vento, chuva ou mão desavisada, tremei.
           E foi com o creme pra pentear que começaram os experimentos químicos. Sabe esse negócio de experimentação na adolescência? Enquanto tinha gente experimentando TÓXICO (é, tó-chi-co, mesmo), eu estava me iniciando em outras químicas. Alisa aqui, hidrata ali...até que nessa mistureba de coisas, o cabelo pediu socorro. O bicho quebrou, que ficou pela metade. O jeito foi cortar curtinho, em cima dos ombros. Mas, como disse, cabelo crespo não cresce caindo e o meu cresceu pro lado. Com uma travessa, pra livrar  a cara, parecia um cogumelo, juro. Há provas com amigos da faculdade.
         A felicidade só chegou quando conheci a bendita defrisagem. Aleluia!!! Quer dizer, felicidade pra mim, mas não pros cabelos, que continuam penando. São pelo menos quatro horas de bunda colada na cadeira do salão. Depois da meleca pra alisar, que tem cheiro estranho e as vezes esquenta um pouco, tem mais escova, puxa, puxa e chapinha. Qualquer descuido vale uma orelha queimada. E, se queima orelha, o que será que não sofrem os fios? Depois tem mais uma horinha de hidratação, nutrição, restauração, reconstrução e qualquer outro ção que sirva pro cabelo não desintegrar. E o pior é que feito uma vez, você vira escrava. Só escapa raspando a cabeça pra deixar tudo ao natural. Ainda bem que não pinto.
        Vale tudo pra ficar lisa. Só não vale ficar careca. Cabelo sofre.
         

            


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Desvesnturas de uma semianalfa digital no reino encantado da tecnologia

         Já se foi o tempo em que a gente não vivia sem celular....Hoje você não é ninguém se não tiver um kit digital. Celular? Isso é coisa do passado. Celular agora é smart phone. É claro que a gente não pode só ligar e esperar que atendam. Tem que ler e-mail, tuitar, facebookar, tirar uma foto, baixar um vídeo e nunca se desligar. Me canso só de falar. E isso é só um pentelhésimo de segundo de tudo aquilo que é preciso ter pra ser alguém no reino encantado da tecnologia.
        E eu que estava toda pimpona achando que finalmente tinha um kit digital. Laptop, câmera fotográfica e Iphone....Pensei: "Com os três me mantenho on line e ainda dou aquela dose de exibicionismo com as fotinhas de cada dia". Santa inocência!!! Pra começo de conversa, o laptop tem mais de dois anos. Pecado mortal da semianalfa digital. A câmera é boa e rosa (claro), mas sozinha não garante a conectividade. E o Iphone? Pobrezinho! É só um 3GS. Humilhaaaado....Depois dele já veio o 4. E o 5 já tá bombando por aí....Ó meu Pai! Desse jeito, nem vencendo os 100 metros rasos dá pra acompanhar.
       Aliás, agora é tudo assim: fulano 1, 2, 3 e 4...cicrano 5, 6 e 7. O tal de Ipad já tá no 2 e ainda nem desconfio como usar direito o Iphone. Aí Pod? Pooode.
       Lembra do tempo em que as coisas eram feitas pra durar mais que um verão? Pois é. Acho que até já me esqueci um pouco. Mas vamos lá....Olha a máquina de escrever. A bichinha, acho, foi inventada lá em 1.800 e tal e ficou mais de uns cem anos do mesmo jeitinho, fazendo a alegria de escritores e amantes das palavras em geral. Só foi largada mesmo lá pelo começo dos anos 90, digo, 1990, pra que fique claro. Foi largada nos anos 90, já na versão elétrica, tá, mas sem grandes alterações traumáticas. E a vitrola? Na minha casa tinha uma que durou uns 20 anos! Ê tempo bão...
       Veja bem, não acho que a gente deva viver no passado, nem que a tecnologia é o demônio imperialista do american way of life. Até já fui meio assim. Mas acho que era preguiça mesmo. Não me entenda mal. A tecnologia é uma benção! A gente pode quase tudo com ela. Eu, por exemplo, agora, nesse momento, tô aqui divagando nesse texto enquanto facebooko, me atualizo do trabalho e bato um papo. Um não, dois papos. Um com meu namorado no skype e outro com um amigo no Facebook. Vai dizer que a máquina de escrever fazia isso por mim? Claro que não!
        Mas o lance é que, ao mesmo tempo em que a tecnologia é uma benção, é também uma sacanagem. Quem não tem bala na agulha tá sempre por fora. Além de rios e rios de dinheiro que evaporam, tem que correr o mais rápido que puder. Quando aprende uma coisa, não vale mais nada porque já é hora de outra. PUTA SACAGEM!!!!
       Às vezes parece que bati a cabeça e acordei com a Alice num mundo de fantasia impossível. Ou isso, ou fumei maconha molhada. To tentando, mas tá difícil. Já tem até uma ateninha que a gente pendura no computador pra assistir TV....Haja fôlego pra acompanhar. Mas vamos lá....Eu, Alice e as desventuras de uma semianalfa digital no reino encantado da tecnologia. Corre, corre, corre, que lá vem ela. "Cortem as cabeças, cortem as cabeças!!!" Vai logo que a bicha te pega. Te pega daqui, te pega de lá.

       



domingo, 7 de agosto de 2011

Ô mulher agoniada!!!

Essa mulher é assim....
Quando a conheci foi um beijo. "E agora?". "Ah, a gente fica". "Fica nada. Vamo logo namorar". Aceitei, me entreguei.
Se digo que vou já já e não chego num segundo, ela fica bicuda e ameaça chorar.
Se aviso que ligo daqui a pouco, ela não consegue esperar. Liga em menos de meia hora. Não dá chance de
o bico molhar.

Se ela liga e eu não atendo, começa a pensar, imagina tudo, que tô com outra, que é farra com os amigos...Só não lembra do mais óbvio. Não atendo porque não posso. É uma reunião, tô no banho, dormindo ou com o chefe a conversar.
Em vez de esperar que eu retorne, liga uma, liga duas, liga três, quatro, cinco e seis...Liga, liga, liga. "Na próxima, ele vai atender". Mando mensagem: "Ligo já, já". E advinha? Alguns minutos e...sem chance de o bico molhar.
No mês dos namorados, fica que não se aguenta. "Será que ele vai lembrar? Será que vou gostar? Será que vai ser romântico?" Dá dicas de presente tão sutis quanto um paquiderme na Avenida Paulista. Faz o que faz, que a surpresa consegue acabar.
 Não nasceu de sete meses, mas não consegue esperar. Quer ter certeza, antecipar.
Ô mulher agoninada! Só te amando para te aguentar.

PS: Se a tua mulher é assim ou se teu marido/namorado diz as mesmas coisas de você, não tema! Qualquer coincidência é semelhança mesmo. E se ele ainda te atende, BINGO! É porque deve te amar.

Ô mulher agoniada, relaxa pra poder gozar!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Manual do motorista animal

Para ser um bom motorista animal, siga as instruções:

1. Entre no carro e esqueça tudo o que aprendeu sobre cordialidade. Evite ser gentil e sociável. Mantenha o mau humor. Afinal, pra que chegar a seu destino tranquilamente, se você pode até trocar socos e pontapés no meio do caminho. Se acabar em tiroteio, é bônus.

2. Não coloque o cinto de segurança. Também não peça para o passageiro colocar. Você é o cara e foi feito de aço. Bater o carro e quebrar os dentes no volante ou ser arremessado pelo parabrisa é coisa para os fracos.

3. Esteja sempre com pressa. Saia correndo como se tivesse a chance de vencer o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Se alguém insistir em  ficar na sua frente, dirija como se fosse passar por cima ou através do outro carro. Você é tão bom que, por pouco, não tem o poder de atravessar as coisas.

4. Estando sempre com pressa, não perca a oportunidade de ultrapassar pela direita. Se for numa curva, você aumenta o estresse. É você quem decide: com ou sem emoção.

5. Se em algum momento a pressa diminuir, aproveite para dirigir bem devagarinho na faixa da esquerda. Assim, terá a chance de deixar o trânsito mais lento. Olha, que legal!

6. Para variar a rotina, brinque um pouco de autorama. Para os mais jovens, autorama era aquele brinquedo em que os carrinhos corriam presos a um trilho. Na falta do trilho, é só mirar bem nas linhas pintadas no asfalto, no meio da pista. Mire bem e siga sem se importar, mantendo seu próprio ritmo. Nada mais importa. Esse é o seu momento.

7. No caso de alguém com mais talento ultrapassa-lo durante seu momento de meditação, ponha em prática a regra número um. Palavrões e gestos obscenos estão a sua disposição. Um dedo em riste, a famosa banana e um 'vai pra puta que o pariu' estão entre as melhores opções.

8. No quesito melhor ultrapassagem, não deixe de esquecer de dar sinal, principalmente quando for passar pela direita. Aquelas luzinhas são bonitinhas e só servem pra enfeitar seu carro.

9. Ignore a faixa de pedestres. Se você é o cara, eles que pratiquem corrida de obstáculos. Mas se você tiver mesmo que parar, não custa nada fingir que vai arrancar com o carro. Que fique bem claro que você não tem todo o tempo do mundo!!!

10. Finalmente, mas não menos importante, estacione em qualquer lugar. Vale vaga pra deficiente, diante de placa de proibido e em fila dupla. E tem a melhor de todas: bem no meio da rua. Essa vale para as ruas mais estreitas e perto de bares ou locais movimentados. Quando achar que está esquecendo essa regra, repita consigo 'sou o dono da rua e todos têm que me esperar'.

Anotou? Agora você está pronto. Vá para rua e torne a hora do rush o momento mais feliz do dia.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Aquele Rabugento

O Rabuja era assim, já amanhecia o dia com cara de bunda. "Bom dia!". "Bom dia pra quem? Só se for pra você". Passava pelas pessoas sem ver ninguém. Nem bom dia, nem boa noite. Quando alguém ligava, atendia com um  "oi" que em vez de saudar parecia dizer: "ai...fala logo". Se ia a uma festa, bebia e fumava pro tempo passar entorpecido. Se alguém perguntava: "Como é que tá?" Era só: "Eh....mais ou menos...". Sempre dizia: "Detesto essa gente alegrinha. Tão rindo de quê?"
Ninguém entendia o porquê de tanto azedume. Nunca foi feio o Rabuja, tinha bom emprego, uma família legal e vivia cercado de mil amigos, aparentemente. "Esse Rabuja é metido! Pensa que é melhor que todo mundo!". "Que nada, vai ver que nunca mais comeu ninguém". Era o que diziam dele. Não era conhecido por nada, apenas pelo mau-humor.
Fez tanto por merecer que um dia a rabuja entrou como um vírus no coração. Não queria mais sair a tristeza, tanto que chegava a doer. Começou a se perguntar: "Por que? Por que? Por que?". Olhava o céu azul  e só via cinza. Via pais e crianças brincando e não sentia amor. Teve medo de morrer em vida, de secar, de murchar. Se encolheu, tudo escureceu, se deixou dominar. E foi aí que viu o fundo do buraco onde tinha se metido.
Mas quando achou que já havia perdido, se surpreendeu e surpreendeu. Empurrado pela força de sobrevivência, fincou as unhas, subiu, subiu e saiu do buraco. Um dia acordou e, ao abrir as janelas, viu dois pássaros que vieram lhe saudar. Foi aí que entendeu. "Tô vivo! Vivo, nessa viagem louca mas cheia de aventura e prazer. E só eu, apenas eu, piloto minha aeronave chamada vida".
É....já dizia o poetinha...É melhor ser alegre que ser triste.
E a cara de bunda do Rabuja? Essa deu lugar ao sorriso. Não é mais hora de perder tempo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Frescura terapêutica

Pode me chamar de fútil, de perua. Sou mesmo. Perua, não fútil. Mas ir ao salão de beleza uma vez por semana é terapêutico. Já sei até que vai dizer que é besteira, que o importante é ser bonito por dentro, se sentir bem consigo mesmo blá, blá, blá... A é? Então tenta se sentir bem consigo se olhando no espelho e vendo o cocô do cavalo do bandido. Ah não, deixa esse discursinho besta e vai pro salão. Se tá se sentido bem por dentro, cheia de vida, pega essa gata que tá guardada aí e põe pra fora.
Tá bom, já sei, ainda não te convenci. Vai dizer agora que acha salão estressante. Toda aquela espera, aquele monte de mulher, alguns homens e similares também. É muito barulho. O vruuuuuummmmmm dos secadores sem parar, puxa cabelo pra cá, puxa pra lá. Um bifinho arrancado dali outro daqui. Tá, tá e tá. Mas olha aí, o problema não é o salão, é a tua falta de experiência. Depois que aprende qual o melhor dia, a melhor hora e fica amiguinha da gerente até a menina que serve o cafezinho, não tem mais erro. Ainda mais se já investe há anos nesse mercado.
Agora pega essa gata que tá guardada aí e vai pro salão. Vai chegar lá e vai ser: "Oi dona fulana! O que vai ser hoje? Vamos pra li que já te atendo. Sente-se e relaxe". É tanta simpatia e gente querendo ser prestativa que vai se sentir a Kate Middleton em dia de festa no palácio.
Não tem mulher nesse mundo que já tenha ido a um salão de beleza que possa dizer que não gosta de ser mimada, mesmo sabendo que todo esse amor é só porque tu estás pagando...E agora tem até chazinho e puf pra descansar os pés. Sem contar o papo, com manicure, cabelereiro ou depiladora. A conversa viaja da fofoca sobre as outras clientes até os conselhos para o coração. Quer mais terapêutico que isso? Se eu pago a psicóloga e vou lá uma vez por semana, não custa nada investir na moçada do salão, que é mais barato e completa a terapia semanal. Relaxamento à base de champoo e esmalte.
Relaxou? Então reclina a cabeça no lavatório. Essa é a melhor parte. A aguinha gostosa, agora na opção morna ou fria, percorre os fios de cabelo enquanto um cafuné vai tirando as impurezas. É uma delícia. A onda de conforto vai passeando da cabeça até os ombros. E por falar em relaxamento, eu relaxo até na depilação. Devo ser a única que às vezes consegue até cochilar. Mas um dia tu chegas lá.
E assim vai passando a sessão frescura terapêutica. Entre uma fofoca e outra, revistas de pseudo celebridades e cuidados com o cabelo, o tempo passa e o cocô do cavalo do bandido dá lugar à gata que estava guardada debaixo da profissional, da mãe, da esposa ou namorada. Agora é só apostar no melhor vestido e naquele par de sapatos. Vai nessa garota! O mundo é seu.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Porra, Amy!!! Rest in peace

E lá se vai mais uma alma atormentada....A Amy era assim, uma alma inquieta, em conflito consigo mesma. Já a conheci meio tarde, nos últimos capítulos da história dela, uma pena. Me identifiquei logo no primeiro acorde, no primeiro lamento de uma voz forte, mas cheia de sensibilidade. Era até bonita a Amy, antes do veneno, antes de amar demais o amor inventado e esquecer de si mesma. Tinha talento, tanto que não cabia em si. Tinha o amor sem fim dos pais, dos fãs. Mas trocou tudo pelo veneno. Alma atormentada. Será isso alma de artista?
Ah Amy...era daquelas que sentia demais. Me fez lembrar Cazuza e Kássia Eller. Tinha o poder de tocar a gente com suas letras, com a voz sem parâmetros. Era branca com voz de negra, dizem. Que nada, era Amy com voz de Amy. Só ela mesmo e suas músicas que cutucam a ferida até o osso. Entendi na hora. Pra mim tem que ser assim. Se a música não provoca nada, não vale a pena. Pra Amy era o contrário, se a vida não provocasse nada, não valia música. Levou o caso a sério demais. They trie to make go to rehab i said no no no...
Cabelão, maquiagem forte deixando os olhos já expressivos ainda mais dramáticos, vestidinhos curtos, justos e com um cinto marcando a cintura já mais fina, consumida pelo veneno. Amy era diferente. Tinha estilo próprio, inspirado nas cantoras dos anos 40, 50. Um ar romântico, mas agressivo. Fui atraída pela estranheza.
Mas porra Amy, não tinha nada melhor pra fazer num sábado em Camden Square? Escolheu o veneno e deu no que deu. Morreu sozinha. Morreu aos 27. Lamento. Amy fez justamente aquilo que queriam seus abutres. Alimentou as aves de rapina que desejavam a morte. Agora está com Jim, Janis e Jimmy, como four litle birds ouvindo Bob num cantinho do paraíso. Não no céu, no paraíso, onde descansa a alma. Assim espero.
Alguns já disseram, Amy já estava morta, só faltava ser enterrada. Pra que autópsia? Todo mundo sabe, foi o veneno. Tolos ignorantes. Amy não morreu do veneno. Morreu de tanto sentir. Sentiu demais e se rendeu à fraqueza.
RIP babe, and never back to black!!!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Paixão Junina

O mês de junho já acabou, mas o gosto e o cheirinho de festa junina ainda inebria. O clima é quente de verão amazônico e o sol tão forte, que deixa aquele ardido na pele. Mas não adianta, o bom caboclo vai salivar diante de um panelão de tucupi fumegante e não há de resistir àquela cuia de tacacá carregada no jambu e no camarão, sem esquecer de apimentar com o molho de pimenta murupi. Alguns vão dizer: tacacá tem todo dia. Mas quem é que vai negar que o tacacá da festa junina tem gostinho especial? Tacacá, vatapá, bolo de macaxeira, bolo podre, caruru, banana frita, milho cozido, churros e outras guloseimas menos típicas mas nada menos deliciosas, como aquele espetinho de morangos combertos com chocolate. Ah....as barracas de arraial são mesmo uma festa para os olhos e ainda mais para o paladar.
E o que dizer das danças folclóricas? Grupos de moças e rapazes que economizam, treinam meses, se esforçam para manter viva uma cultura de alegria do folclore brasileiro. Uma salva de palmas para esses jovens! Merecem muito mais reconhecimento. É quadrilha, ciranda, dança do café, carimbó, dança do cacetinho. Tudo bem coreografado e com fantasias caprichadas, coloridas e cheias de brilho. Não tem como não se alegrar. Afinal, a fogueeeeeiiira está queimaaando em homenagem a São João... Isso sem falar das danças árabes. Já viu arraial com dança do ventre? No Amazonas tem. Herança dos imigrantes que encanta.
Também tem as barracas de jogos e brincadeiras. Dizem por aí que em algumas não tem como a gente ganhar. Mas e daí? Compensam o sorriso e o brilho nos olhos da criança que vê pela primeira vez as cores fortes dos peixinhos na barraca da pescaria. E também são só alguns trocados que se vão, com brinde ou não, e pagam o divertimento do povo.
E é claro, aqui tem o Boi Bumbá. Garantido e Caprichoso dando novo significado à palavra rivalidade. Ê Parintins, terra encantada!!! O clima de festa da ilha na última semana de junho enche qualquer coração de felicidade. Tanto que tem gente vindo de tudo que é lugar. Quem vai uma vez e entende o espírito dos bois, não deixa mais de querer voltar. Dois pra lá, dois pra cá pulsando no coração vermelho e branco e o rufar dos tambores refletindo na estrela azul da testa do touro negro. Belas morenas de longos e negros cabelos se exibem na arena enquanto o pajé faz sua magia. O Uirapuru e o Imperador disputam no gogó o amor da galera e batucada e marujada fazem o povo tremer as arquibancadas. Independente do campeão, o que vale é a paixão.
Paixão junina é o que afaga os corações quando chega o São João. Então pula a fogueira, olha a cobra e vai levando no balancê, balancê! Viva Santo Antônio, São Pedro e São João!!!