quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Inteligente ou gostosa?

            Dia desses lembrei de uma declaração da jornalista/atriz Marília Gabriela em que ela dizia: "Cansei de ser inteligente. Quero ser gostosa". Marília é bem conhecida como uma mulher inteligente, culta, capaz de conduzir boas entrevistas, conversas interessantes. Mas também é referência para piadinhas sobre mulheres mais velhas que passam longe do sexy symbol e que gostam de homens jovens. E quem é que não gosta de homem com vitalidade, né? Acho que por isso, a declaração causou certa surpresa na época, há uns anos. Se ela conseguiu tudo sendo mais inteligente que gostosa, por que estaria querendo mudar de lado? Usando mais a cabeça que a bunda, Marília alcançou o sucesso, ficou famosa e ainda pegou alguns gatos (nem todos suspeitos). Por que querer mudar?
           Não sei o que levou Marília a pensar no assunto, mas eu parei pra analisar a questão no meio de um papo fofoca, durante o expediente, com colegas de trabalho. A conversa começou quando brinquei dizendo já queria me aposentar e, quem sabe, viver de vender bijouterias nas praias do nordeste, quase hippie. Uma colega interveio e disse: "Gente, a gente tem é que ser dondoca. Casar com um homem rico e passar o dia no lazer". Daí outra falou: "É, mais esses homens ricos de hoje só querem casar com mulheres gostosas". Foi então que me perguntei: Eles preferem as inteligentes ou as gostosas? Podem até dizer que gostam mais de mulheres com cabeça para serem suas companheiras, mas será que lá no fundinho não querem mesmo uma que seja só gostosa, fique bem na foto e não dê trabalho com questionamentos? Foi quando me lembrei da Marília Gabriela. Se até essa aí quer mais é ser gostosa, o que não passará pela cabeça da macharada?
         Gente, quando digo gostosa, não to falando em bonitinha, nem arrumada. Tô me referindo a mulheres com traseiros fartos, arredondados e firmes, a la Sabirna Sato, coxas que mais parecem um pernil e, claro, peitos comprados no melhor cirurgião. Sim, porque esse é o padrão nacional de gostosa. Exagerado, ou, se preferir, bem exuberante, pra não ofender. Também  não podem faltar o cabelão comprido e volumoso (aplique ou não), com luzes, o salto que ofende a lei da gravidade e os minis: mini vestidos, mini saias, mini shorts, mini tops e o que mais der pra usar sendo mini. Instrução, linguagem articulada, leitura ou qualquer coisa que sirva de estímulo aos neurônios não são exigências. Mais valem três horas diárias na academia, suplementos alimentares (e eu sou o Saci Pererê! Tá boa?), simpatia, enxirimento e carão.
         Olha só a Sabrina Sato, já que falei nela antes. Cumpriu todos os requesitos supracitados. Ficou rica e famosa fazendo a gostosa burra e atrapalhada, mas gente boa, simpática, extrovertida e aventureira. Malhou mais um pouco e endureceu mais a bunda. O que aconteceu? Faturou um deputado federal. E a Marília Gabriela? Nem sei, mas parece que depois do Gianecinni nunca mais engatou nada sério. Continua inteleginte, fazendo ótimas entrevistas (pelo menos eu gosto!), mas tá longe de ser uma gostosa. Quem você acha que tá se divertindo mais?
         Ser inteligente dá um trabalho.....Sim, tô dizendo isso porque me acho! E daí? Dá trabalho pra quem usa a cabeça e também pra quem convive com ela. Uma mulher inteligente nunca vai aceitar uma desculpa esfarrapada, mesmo que se faça de lesa pra mais tarde dar a volta do anzol. Bom, pensando bem, ser gostosona também deve dar trabalho, são muitas horas na academia. Mas é pouco uso de neurônios e a inteligente corre o risco de viver uma eterna batalha porque, para ser dobrada, precisa se deparar com bons argumentos, espécie em extinção.
        Depois de tanto devaneio, até perguntei pra alguns caras. O que você prefere, a inteligente ou a gostosa? Levando em conta que não se pode ter tudo, ou as duas coisas, e o senso comum de que as gostosas são meio desprovidas de inteligência, um colega me respondeu que não tem paciência com mulheres burras e que, pra ele, dá mais trabalho lidar com gente que não o entende do que com alguém que questiona. Mas o melhor foi meu namorado: "Eu ficaria com a inteligente, porque ela teria inteligência suficiente para ficar gostosa!". Que tal? Ah, safado, deu boa resposta.
        Então, se você anda meio sem gracinha, se esperta! As gostosas estão em alta. E ninguém me engana. Por trás de toda aquela tolice, elas estão rindo de nós. Coxas e bundas bombadas, cofrinhos cheios no banco.
        E vocês, o que preferem, inteligente ou gostosa?

      PS: Não tô sugerindo que ninguém emburreça, mas se você prefirir, sinta-se à vontade, é socialmente aceito.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dedos nervosos

            As redes sociais da internet criaram uma nova subcategoria de gente. Os dedos nervosos. Acho que todo mundo deve ter um, ou mais de dois, na lista de amigos. E é muito fácil percebê-los. Às 8h já deram "Bom dia aos facebookers!!!", e por volta de 1h, 2h, na madruga mesmo, avisam: "Boa noite planeta. Desconectando em...3, 2, 1...." Vai dizer que nunca viu essas saudações? Se não viu, parabéns! Você foi premiado com amigos de mente equilibrada. Eu, como sou praticamente uma gangorra, tenho alguns dedos bem nervosinhos.
           Olha só o Zé Qualquer (nome fictício, para evitar acusações de calúnia, injúria e difamação). O Zé abre os olhos e em vez de dar bom dia aos filhos e à mulher, liga o note e faz questão: "Bom dia mundo virtual, bom dia gente do Face, bom dia twitters, bom dia quem só fica me vendo escrever, bom dia pseudo amigos que não sei porque adicionei...". Daí continua: "Tomando café"; "Indo limpar o cocô do meu filho";  "Vendo meu bebê dormindo"; "Almoçando"; "Ai, peraí, humm, só um peidinho"; "Nossa que alívio!"; "Novela é chato"; "Gooooooool!, pênalti aos 45 do segundo tempo, são paulinos são gays, flamenguistas são os melhores de todo o universo, corinthianos falam 'Tá me tirano, meu?"; "O Criança Esperança é igual todos os anos"; "Vou comer minha mulher"; "Tchau planeta, até amanhã".
          Zé Qualquer até quis compartilhar um momento de mais pura beleza. "No carro, no engarrafamento. Ouvindo Beyoncé. Entrando em êxtase sexual". Juro, foi isso mesmo! Como assim, Zé, tá se masturbando no engarrafamento e tem que gritar pra todo mundo ouvir? Tá querendo uma mãozinha? Mas pela net é só virtual....
          Os dedos nervosos são assim mesmo. Parece que as cenas da vida real só existem se forem replicadas no universo cibernético. E é preciso reafirmá-las a todo momento. Aliás, as rede sociais criaram os dedos nervosos e, para eles, o melhor cenário de uma vida dupla, sem riscos, sem toque, sem olho no olho, sem cheiro ou fedor, asséptico, mas onde tudo é possível. No fantástico mundo do Zé, ele pode ser famoso, dizer o que quiser, fantasiar que todos estão ouvindo e acreditar que vão seguir seus ensinamentos. Sim, porque todo dedo nervoso é um sábio. Adoro as pílulas de sabedoria. Algumas até fazem pensar, outras parecem tiradas do 'Almanaque dos Clichês', se existisse um. "É melhor ter um inimigo declarado, do que um falso amigo". Ha ha ha.
         Diz aí, Zé. Dedos nervosos nunca trabalham? Dedos nervosos não têm amigos de carne e osso? Dedos nervosos narram o dia inteiro no Facebook porque se sentem sós? Ou se sentem sós porque só compartilham na vida virtual?
         Olha, Zé Qualquer, se você está cuidando do seu filho, comendo sua mulher ou dando um peidinho, é porque você tá vivo. Mas isso não quer dizer que todos precisem saber o que faz, o dia inteiro. Se a novela é chata e o Criança Esperança é sempre igual, muda de canal. Também não precisa narrar o futebol. Quem quer assistir, já tá vendo a narração pela TV. E, pelo amor de Nossa Senhora da Boa Conectividade! Guarda pra você seus momentos de alcova, de rei no trono de cerâmica e coisas que envolvam zoofilia ou qualquer escatologia.
        O bom é que nem tudo está perdido. Se os dedos são nervosos, sempre podem ser melhor explorados. Já que que o negócio é compartilhar, me conta de um filme novo, divide comigo teu gosto musical, revela um talento desconhecido, me mostra algo que produziu. Vamos nos reconectar.
                                   
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Resposta da mulher da agoniada

            Para toda mulher agoniada existe um homem demorado.
            Vejamos de novo os fatos:
            Quando o conheci foi assim...Até o beijo foram meses. Depois ficar? Nã, nã, nã, nã não! Foi o jeito apressar e namorar.
             Combina de chegar cedo. Me liga às 19h30. "Vou só jantar e chego já". Passa 20h, passa 21h e chega 22h. "Cadê você?" "Estou jantando e chego já". Ai, ai, assim não dá pra aguentar.
             Ele avisa que liga daqui a pouco. Mas quanto tempo um "daqui a pouco" pode durar? Passam 15, 30 minutos, até uma hora a esperar. Assim, como não agoniar? Diz que não deixo molhar o bico. Então, meu amor, eu te digo: um "daqui a pouco", tem que ser pra já.
             Se ligo e ele não atende, é verdade, começo a pensar. Imagino tudo, que é outra, que é farra, até lembro do mais óbvio. "Deve ser trabalho, reunião. É melhor sossegar". Mas sem nem uma mensagem de volta, abre a porta a agoniação. Ligo uma, ligo duas, ligo três, quatro, cinco e seis. Ele avisa: "Ligo já já". Mas o daqui a pouco não tem hora pra acabar.
            E o mês dos namorados? Sei bem que não me aguento. "Será que ele vai lembrar? Será que vou gostar? Será que vai ser romântico?" Dou dicas escancaradas, pra fazer você pensar. Mas não quero ser descarada, quero só ver você caprichar.
            Não nasci de sete meses, mas que coisa difícil esperar! Quero saber, acelerar.
            Sou mulher agoniada e, oba!, só você pra me aturar.
            Ô homem demorado, se apressa pra eu relaxar!

           PS: O desafio do relacionamento é dividir sem perder a individualidade. Qualquer semelhança com o seu, é a mais pura realidade. 



            










domingo, 14 de agosto de 2011

Domingão dos pais

          Família reunida, sonzinho tocando, comidinha especial, aquela caixinha de cerveja e muita lorota pra lembrar dos tempos de criança e da juventude do velho. O cenário não deixa dúvida. O domingão é dos pais. Família é tudo. Amigo é bom, mas família é tudo. E as datas de comemoração têm mais é que ser celebradas. Quem diz que não gosta, que tem alergia à reunião de família, ou é ruim da cabeça ou doente mané. Mas tudo só vale a pena, se não for obrigação. Vai dizer que o coração não enche de alegria, quando vê o sorrisão do pai ao receber um abraço e descobrir o presente?
          E os preparativos podem começar até uma semana antes. Só nisso, a casa já fica mais alegre. Mamãe, papai, titia, netinho, todo mundo pensando em acarinhar. Energia boa. Escolher o presente pode dar trabalho, o shopping não é fácil de encarar, mas é gostoso encontrar aquele perfeito, que só o pai vai gostar. Depois a que planejar o cardápio. Aqui, vatapá, pirarucu e picanha de churrasco. Depois, é só afagar.
           Nem sempre fui a melhor filha. Nem sempre, ele o melhor pai. Mas não esqueço de nada e os momentos ruins sempre fazem pensar. Lembro, ainda pequena, deitada sobre o peito do pai, os dedinhos brincando com os pelos do peito e a soneca seguinte na rede embalada na tarde quente da Amazônia. Lembro de tudo, dos carinhos, da peia leve de cinto, do olhar de autoridade, dos conselhos e das palavras duras, às vezes ditas sem precisar. Não esqueça de nada, valorize, agradeça tudo. O bom e o ruim de fez ser quem você é. Te forjou para o mundo.
           Quando penso, tenho vontade de parar o tempo, de voltar no tempo. De ser criança de novo. De correr para o colo dele. Mas o tempo não pára, nem volta.
          Abrace, beije, agradeça, diga "Eu te amo". A vida é um meteoro e um dia ele vai faltar.

sábado, 13 de agosto de 2011

Eu que não queria ser um cabelo...

             Essa vai para todas as alisadas...
             Eu que não queria ser um cabelo, já dizia minha amiga Aninha. Desde pequena é um tal de "todos dançam, pega estica e puxa..." Sabe como é que é né, minhas raízes afrodescendentes nunca dão descanso. Tenho orgulho delas. Mas, ô cara aí de cima, o que custava fazer uns cachos menos rebeldes?
             Tudo começou quando eu ainda tinha uns cinco aninhos. Tentando amansar ou organizar os cachos, minha mãe e tias adoravam pentear. A receita é assim... Divide os cabelos. Metade pra lá, metade pra cá. Depois, estica cada metade, mas estica beeeem, senão não dá certo. Daí, pega um pente e, mexa por mexa, usa esse pente para fazer os cachos com movimentos em espiral. Ai, que beleza. Tortura chinesa, pra quem queria mesmo era correr pelo quintal da vovó. Uma ou duas horas depois, dependendo do humor dos cabelos, tá lá. Eu ficava a cara da Maisa do SBT. Acho que o Chuck perde, no quesito coisas infantis que paracem ter trato com o cramulhão, o coisa ruim...
            Tinha também a versão maria chiquinha, ou xuxinha (versão anterior aos DVDs só para baixinhos). Claro que não bastava fazer um rabo de cavalo pra trás. Bom mesmo era dividir tudo ao meio, esticar prum lado e pro outro e prender cada metade com uma maria chiquinha, que, aliás, tinha de todo tipo, de bolinha, de bichinho, de florzinha, do jeito que imaginasse. Mas isso era na época em que as crianças se vestiam de crianças...E quando digo esticar prum lado e pro outro, é esticar mesmo. Tanto, que os olhinhos ficavam puxados. Algo assim, uma china afroparaense. E tinha ainda a versão tudo esticado prum lado só. Um clássico dos anos 80. Mas o olhinho puxado era igual.
            Depois fiquei mocinha. Daí foi pracabá. Hormônios em fúria e, em vez de espinhas, cabelo sarará. A fase teen já começou com uma judiação. Corte à la Chitãozinho e Xororó. Onze anos e um mullet na cabeça pra encarar. O tufo de cima, do tampo da cabeça, podia até abrigar umas rolinhas. A fase cantor sertanejo do começo dos anos 90 durou uns dois ou três anos. Sim, porque cabelo crespo leva tempo pra crescer. E não cresce caindo e tomando forma. Cresce pra cima, pro lado. É dureza.
           Superada a tendência mullet, veio o tempo de Marina Silva. Sem muito o que fazer, o jeito era lavar e prender pra trás. Sem gracinha, sem gracinha. Até que....eis que surge o creme pra pentear, sem enxague. Coisa do tipo Tabajara. "Seus problemas acabaram!!!". É, porque antes disso, até Kolene tava valendo. E quem tem cabelo de negão e falar que nunca usou, nem uma vezinha que seja, tá mentindo mesmo!!! Pobres cachos afroparaenses...a vida era assim uma coisa meio lambusada. Lava, meleca e deixa secar. Ajuda, mas a qualquer sinal de vento, chuva ou mão desavisada, tremei.
           E foi com o creme pra pentear que começaram os experimentos químicos. Sabe esse negócio de experimentação na adolescência? Enquanto tinha gente experimentando TÓXICO (é, tó-chi-co, mesmo), eu estava me iniciando em outras químicas. Alisa aqui, hidrata ali...até que nessa mistureba de coisas, o cabelo pediu socorro. O bicho quebrou, que ficou pela metade. O jeito foi cortar curtinho, em cima dos ombros. Mas, como disse, cabelo crespo não cresce caindo e o meu cresceu pro lado. Com uma travessa, pra livrar  a cara, parecia um cogumelo, juro. Há provas com amigos da faculdade.
         A felicidade só chegou quando conheci a bendita defrisagem. Aleluia!!! Quer dizer, felicidade pra mim, mas não pros cabelos, que continuam penando. São pelo menos quatro horas de bunda colada na cadeira do salão. Depois da meleca pra alisar, que tem cheiro estranho e as vezes esquenta um pouco, tem mais escova, puxa, puxa e chapinha. Qualquer descuido vale uma orelha queimada. E, se queima orelha, o que será que não sofrem os fios? Depois tem mais uma horinha de hidratação, nutrição, restauração, reconstrução e qualquer outro ção que sirva pro cabelo não desintegrar. E o pior é que feito uma vez, você vira escrava. Só escapa raspando a cabeça pra deixar tudo ao natural. Ainda bem que não pinto.
        Vale tudo pra ficar lisa. Só não vale ficar careca. Cabelo sofre.
         

            


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Desvesnturas de uma semianalfa digital no reino encantado da tecnologia

         Já se foi o tempo em que a gente não vivia sem celular....Hoje você não é ninguém se não tiver um kit digital. Celular? Isso é coisa do passado. Celular agora é smart phone. É claro que a gente não pode só ligar e esperar que atendam. Tem que ler e-mail, tuitar, facebookar, tirar uma foto, baixar um vídeo e nunca se desligar. Me canso só de falar. E isso é só um pentelhésimo de segundo de tudo aquilo que é preciso ter pra ser alguém no reino encantado da tecnologia.
        E eu que estava toda pimpona achando que finalmente tinha um kit digital. Laptop, câmera fotográfica e Iphone....Pensei: "Com os três me mantenho on line e ainda dou aquela dose de exibicionismo com as fotinhas de cada dia". Santa inocência!!! Pra começo de conversa, o laptop tem mais de dois anos. Pecado mortal da semianalfa digital. A câmera é boa e rosa (claro), mas sozinha não garante a conectividade. E o Iphone? Pobrezinho! É só um 3GS. Humilhaaaado....Depois dele já veio o 4. E o 5 já tá bombando por aí....Ó meu Pai! Desse jeito, nem vencendo os 100 metros rasos dá pra acompanhar.
       Aliás, agora é tudo assim: fulano 1, 2, 3 e 4...cicrano 5, 6 e 7. O tal de Ipad já tá no 2 e ainda nem desconfio como usar direito o Iphone. Aí Pod? Pooode.
       Lembra do tempo em que as coisas eram feitas pra durar mais que um verão? Pois é. Acho que até já me esqueci um pouco. Mas vamos lá....Olha a máquina de escrever. A bichinha, acho, foi inventada lá em 1.800 e tal e ficou mais de uns cem anos do mesmo jeitinho, fazendo a alegria de escritores e amantes das palavras em geral. Só foi largada mesmo lá pelo começo dos anos 90, digo, 1990, pra que fique claro. Foi largada nos anos 90, já na versão elétrica, tá, mas sem grandes alterações traumáticas. E a vitrola? Na minha casa tinha uma que durou uns 20 anos! Ê tempo bão...
       Veja bem, não acho que a gente deva viver no passado, nem que a tecnologia é o demônio imperialista do american way of life. Até já fui meio assim. Mas acho que era preguiça mesmo. Não me entenda mal. A tecnologia é uma benção! A gente pode quase tudo com ela. Eu, por exemplo, agora, nesse momento, tô aqui divagando nesse texto enquanto facebooko, me atualizo do trabalho e bato um papo. Um não, dois papos. Um com meu namorado no skype e outro com um amigo no Facebook. Vai dizer que a máquina de escrever fazia isso por mim? Claro que não!
        Mas o lance é que, ao mesmo tempo em que a tecnologia é uma benção, é também uma sacanagem. Quem não tem bala na agulha tá sempre por fora. Além de rios e rios de dinheiro que evaporam, tem que correr o mais rápido que puder. Quando aprende uma coisa, não vale mais nada porque já é hora de outra. PUTA SACAGEM!!!!
       Às vezes parece que bati a cabeça e acordei com a Alice num mundo de fantasia impossível. Ou isso, ou fumei maconha molhada. To tentando, mas tá difícil. Já tem até uma ateninha que a gente pendura no computador pra assistir TV....Haja fôlego pra acompanhar. Mas vamos lá....Eu, Alice e as desventuras de uma semianalfa digital no reino encantado da tecnologia. Corre, corre, corre, que lá vem ela. "Cortem as cabeças, cortem as cabeças!!!" Vai logo que a bicha te pega. Te pega daqui, te pega de lá.

       



domingo, 7 de agosto de 2011

Ô mulher agoniada!!!

Essa mulher é assim....
Quando a conheci foi um beijo. "E agora?". "Ah, a gente fica". "Fica nada. Vamo logo namorar". Aceitei, me entreguei.
Se digo que vou já já e não chego num segundo, ela fica bicuda e ameaça chorar.
Se aviso que ligo daqui a pouco, ela não consegue esperar. Liga em menos de meia hora. Não dá chance de
o bico molhar.

Se ela liga e eu não atendo, começa a pensar, imagina tudo, que tô com outra, que é farra com os amigos...Só não lembra do mais óbvio. Não atendo porque não posso. É uma reunião, tô no banho, dormindo ou com o chefe a conversar.
Em vez de esperar que eu retorne, liga uma, liga duas, liga três, quatro, cinco e seis...Liga, liga, liga. "Na próxima, ele vai atender". Mando mensagem: "Ligo já, já". E advinha? Alguns minutos e...sem chance de o bico molhar.
No mês dos namorados, fica que não se aguenta. "Será que ele vai lembrar? Será que vou gostar? Será que vai ser romântico?" Dá dicas de presente tão sutis quanto um paquiderme na Avenida Paulista. Faz o que faz, que a surpresa consegue acabar.
 Não nasceu de sete meses, mas não consegue esperar. Quer ter certeza, antecipar.
Ô mulher agoninada! Só te amando para te aguentar.

PS: Se a tua mulher é assim ou se teu marido/namorado diz as mesmas coisas de você, não tema! Qualquer coincidência é semelhança mesmo. E se ele ainda te atende, BINGO! É porque deve te amar.

Ô mulher agoniada, relaxa pra poder gozar!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Manual do motorista animal

Para ser um bom motorista animal, siga as instruções:

1. Entre no carro e esqueça tudo o que aprendeu sobre cordialidade. Evite ser gentil e sociável. Mantenha o mau humor. Afinal, pra que chegar a seu destino tranquilamente, se você pode até trocar socos e pontapés no meio do caminho. Se acabar em tiroteio, é bônus.

2. Não coloque o cinto de segurança. Também não peça para o passageiro colocar. Você é o cara e foi feito de aço. Bater o carro e quebrar os dentes no volante ou ser arremessado pelo parabrisa é coisa para os fracos.

3. Esteja sempre com pressa. Saia correndo como se tivesse a chance de vencer o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Se alguém insistir em  ficar na sua frente, dirija como se fosse passar por cima ou através do outro carro. Você é tão bom que, por pouco, não tem o poder de atravessar as coisas.

4. Estando sempre com pressa, não perca a oportunidade de ultrapassar pela direita. Se for numa curva, você aumenta o estresse. É você quem decide: com ou sem emoção.

5. Se em algum momento a pressa diminuir, aproveite para dirigir bem devagarinho na faixa da esquerda. Assim, terá a chance de deixar o trânsito mais lento. Olha, que legal!

6. Para variar a rotina, brinque um pouco de autorama. Para os mais jovens, autorama era aquele brinquedo em que os carrinhos corriam presos a um trilho. Na falta do trilho, é só mirar bem nas linhas pintadas no asfalto, no meio da pista. Mire bem e siga sem se importar, mantendo seu próprio ritmo. Nada mais importa. Esse é o seu momento.

7. No caso de alguém com mais talento ultrapassa-lo durante seu momento de meditação, ponha em prática a regra número um. Palavrões e gestos obscenos estão a sua disposição. Um dedo em riste, a famosa banana e um 'vai pra puta que o pariu' estão entre as melhores opções.

8. No quesito melhor ultrapassagem, não deixe de esquecer de dar sinal, principalmente quando for passar pela direita. Aquelas luzinhas são bonitinhas e só servem pra enfeitar seu carro.

9. Ignore a faixa de pedestres. Se você é o cara, eles que pratiquem corrida de obstáculos. Mas se você tiver mesmo que parar, não custa nada fingir que vai arrancar com o carro. Que fique bem claro que você não tem todo o tempo do mundo!!!

10. Finalmente, mas não menos importante, estacione em qualquer lugar. Vale vaga pra deficiente, diante de placa de proibido e em fila dupla. E tem a melhor de todas: bem no meio da rua. Essa vale para as ruas mais estreitas e perto de bares ou locais movimentados. Quando achar que está esquecendo essa regra, repita consigo 'sou o dono da rua e todos têm que me esperar'.

Anotou? Agora você está pronto. Vá para rua e torne a hora do rush o momento mais feliz do dia.